terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meu caro Jorge Amado,

O objetivo deste é para lhe dizer que ando sem tempo para dedicar-me à leitura das últimas obras do meu autor preferido.

Ainda recordo que foi exatamente seus livros que me introduziram no mundo maravilhoso da leitura. Comecei a estudar no “Nossa Senhora da Piedade” e, qual não foi minha surpresa e satisfação, ao descobrir que a biblioteca da escola possuía uma coleção com todos os títulos do maior escritor baiano.

Pronto! Desse dia em diante releguei o estudo das matérias didáticas a um segundo plano (estudando o estritamente necessário para alcançar a média que garantisse minha aprovação); abri mão do lazer e dos recreios em companhia dos amigos; tudo para permanecer trancafiado na biblioteca do colégio, devorando seus livros com um prazer delirante.

E o que mais me impressiona em sua obra, é a fidelidade com que você registra a vida pulsante da terra e do povo baiano. Seus personagens se movimentam numa terra abençoada pelos deuses. A natureza é dadivosa com todos, ao tempo em que exige de cada um a adoção de um permanente espírito de preservação.
 
Seus heróis e vilões são de carne e osso, e são vítimas das injustiças sociais, como o são os mais simples dos mortais. Suas mulheres ganham da natureza o dom da sensualidade, e fazem da paixão e do amor seus grandes sentidos de viver. Seus personagens masculinos se debatem todo o tempo contra o atraso político e as injustiças sociais, mas não permitem que isso os impeça de encontrar a felicidade - mesmo que ela se manifeste apenas em lampejos.

Dia desses tive o privilégio e a satisfação de estar a passeio na cidade de Salvador e, ao caminhar pelas ruas centenárias da Capital Baiana, deparei com figuras e vivi situações que me fizeram reviver cenas do que tinha lido nos livros de Jorge Amado. Essa constatação só fez aumentar meu respeito e admiração por você que é, sem dúvidas, meu maior ídolo na Literatura Nacional.

Por tudo isso, não vejo a hora de ter tempo para debruçar-me sobre um dos seus livros. E olha que já está tudo muito bem planejado! Nesse dia, armarei uma rede entre o cajueiro e a mangueira lá de casa, colocarei uma música na vitrola – que pode ser um rock progressivo ou uma cantoria de Elomar -, e só abandonarei a leitura quando o cansaço se fizer acompanhar do sono, e os dois embaralharem as letras diante dos meus olhos.

Até a próxima

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