Laranjeira, a 18 km de Aracaju, é um dos poucos municípios
sergipanos em que se pode vê a força da arquitetura colonial. Ruas, casarios,
igrejas; tudo respira a mais pura história. Laranjeiras já foi a mais
importante cidade sergipana. Berço da cultura, da política e da economia, este
município só não se tornou a capital de Sergipe por conta de uma manobra
política do Barão de Maruim, que transferiu a sede de São Cristóvão para
Aracaju.
Depois que as tropas de Cristóvão de Barros arrasaram a
nações indígenas, por volta de 1530, muitos colonos acabaram se fixando às
margens do Rio Cotinguiba. Essas terras pertenciam à freguesia de Nossa Senhora
do Socorro. Naquela região, mais ou menos a uma légua da sede, foi construído
um pequeno porto, e, por conta das inúmeras e frondosas laranjeiras à beira do
rio, moradores e viajantes começaram a identificar o local como porto das
laranjeiras.
Muitos colonos acabaram se fixando às margens do Rio
Cotinguiba. Essas terras pertenciam à freguesia de Nossa Senhora do Socorro.
Em Laranjeiras moram remanescentes de negros africanos
trazidos para o trabalho escrevo na lavoura de cana-de-açúcar. Quando ai
chegaram, os negros se estabeleceram no Vale de Cotinguiba. A produção local ganhou
dinamismo, fez originar um porto e uma feira, dando margem à construção do
centro urbano, onde o povo branco se estabeleceu, criando a cidade de
Laranjeiras.
Laranjeira possui um povoado de nome Mussuca, que concentra
a população remanescente dos negros. O povoado conta com mais de três mil
habitantes, e sua economia gira em torno da plantação de mandioca, milho,
cana-de-açúcar e da produção de cimento e uréia.
Há duas versões para o nome do povoado: uma de estudiosos,
que diz que Mussuca deriva do nome de um peixe chamado muçum; a outra diz que
deriva de um mosquito existente na maré, chamado mutuca.
Mussuca se destaca ainda por concentrar quatro terreiros de
candomblé. No terreiro de nome Centro Umbandista São Brás, há imagens de santos
que também são encontradas na Igreja Católica, como São Lázaro e Nossa Senhora
Aparecida. Segundo o pai-de-santo Marcelo, na Igreja Católica os santos fazem
parte da história; na umbanda, santas, como Nossa Senhora Aparecida, fazem
parte dos orixás - entre os iorubas e os ritos religiosos afro-brasileiros,
como o Candomblé e a Umbanda.
Os terreiros são a ligação mais forte entre os negros e
sua cultura. Na comunidade existem quatro terreiros.
Na sede da cidade de laranjeiras é possível visitar o Museu Afro-brasileiro.
Rico em diversos aspectos, esse espaço cultural mostra a história dos negros
entre os séculos XVIII e XIX. Entre os objetos expostos, encontram-se peças,
como engenho de cana-de-açúcar, moinho, fazedor de algodão, tachos, carros de
bois, utensílios domésticos, vestuários, móveis da época, lamparinas, imagens
sacras, imagens características do candomblé, instrumentos musicais, altar em
referencia aos orixás e instrumentos utilizados para a tortura dos escravos.
Entres os objetos expostos no Museu Afro-brasileiro,
encontram-se peças como engenho de cana-de-açúcar, moinho, fazedor de algodão,
tachos, carros de bois, utensílios domésticos, vestuários, móveis da época,
lamparinas, imagens sacras...
Laranjeiras guarda em
sua história e tradição muito das culturas indígena, portuguesa e negra e um
dos mais ricos folclores do Brasil. São inúmeras as manifestações culturais que
nos remetem ao passado e garantem, no presente, uma permanente interação entre
as mais diversas comunidades responsáveis pela continuidade do folclore. São
algumas das manifestações encontradas em Laranjeiras: Reisado; Taieiras; Lambe-Sujos
e Caboclinhos; Cacumbi; Dança de São Gonçalo; Chegança; Samba de Coco e
Quadrilhas juninas.
Textos e fotos: Eduardo Bastos
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