Tempos atrás uma revista de grande circulação em nosso país realizou uma pesquisa entre seus leitores, com o objetivo de saber qual a imagem que marcou o século XX. A grande vencedora foi a de uma menina, flagrada pelas lentes de um repórter cinematográfico, quando corria nua e aos prantos no meio do asfalto, após perder seus familiares, vitimados pelos efeitos da bomba atômica que acabava de explodir no meio de sua cidade.
O resultado dessa pesquisa não fez mais que confirmar uma das características mais comum ao ser humano. Sempre que o homem, por um motivo ou outro, pára para refletir sobre seu passado, a primeira imagem que surge em sua mente diz respeito aqueles fatos que foram capazes de despertar sentimentos como desgosto e tristeza.
O lançamento da bomba atômica sobre as cidades de Hiroshima e Nagasaki representa o marco de maior tristeza para toda a humanidade por dois motivos muito simples. Em primeiro lugar, ele confirma a estupidez do homem em exterminar milhares de inocentes, sem que para isso houvesse qualquer justificativa. Em segundo lugar, mostrou ao mundo uma nova faceta do ser humano: sua capacidade em usar da inteligência para colocar a ciência a serviço da destruição de seus semelhantes, inclusive de seres indefesos - como crianças, idosos, etc.
Dia desses, o Jornal Nacional mostrou uma reportagem com o homem que criou a bomba atômica. Ele mostrava-se desconsolado com o uso que fora dado a sua ``grande criação``, e se dizia disposto a liderar uma grande campanha pela paz.
Para nós, resta uma resposta para uma pergunta que não quer calar. Será que esse arrependimento tardio é suficiente para devolver o sorriso aos rostos de famílias que, até hoje, choram os efeitos de uma das maiores insanidades já registradas pela história contra seres humanos?
José Eduardo Bastos
José Eduardo Bastos
Nenhum comentário:
Postar um comentário