A Silibrina é para quem tem coragem |
A silibrina é uma manifestação popular lagartense que
acontece anualmente, precisamente na última noite do mês de maio, marcando
assim o início do período de festejos juninos do município de Lagarto. A festa
é regada à tradicional cachaça (dizem que para criar coragem nos
participantes), e acompanhada pela zabumba, pelo triângulo e reco-reco. A
atração principal da silibrina fica por conta da queima de fogos - como
espadas, pitus e busca-pés -, numa manifestação que envolve quase todas as
camadas sociais da cidade, sem distinção de cor, sexo ou idade. Para figurar
como participante deste festejo basta ter coragem e fôlego, cair no meio dos
fogos, deixar a adrenalina tomar conta do corpo, e ter traquejo para se desviar
dos rojões e dos estouros.
A silibrina tem início nas últimas horas da noite de 31 de maio, e, atualmente, a concentração e saída dos que dela participam acontecem na Rua de Riachão. Em seguida eles percorrem a Praça Felino Fontes e Rua José Monteiro de Carvalho. Após a zero hora, todos se dirigem ao encontro do mastro fincado na Praça do Tanque Grande, local onde os participante passam a duelar entre si com os fogos que cada um traz nos bornais, capangas, mochilas, etc.
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O mastro é erguido na Praça do Tanque Grande |
Retirada do mastro |
Samba de roda durante a retirada do mastro |
No olho da Silibrina |
Afora a cerimônia do corte da árvore - que no mesmo dia se transforma em pau-de-sebo -, a preparação da silibrina acontece no momento da celebração, embora a confecção dos fogos se dê ao longo de todo o ano. Na noite do festejo os fogueteiros se juntam aos amigos e familiares, e todos saem pelas ruas da cidade guerreando entre si. Isso contribui para que a cada ano a silibrina agregue mais e mais participantes.
O mastro desfila pelas ruas da cidade |
Duas mudanças significativas na dinâmica da silibrina ocorreram nos anos 80: a utilização de carro de som - com o objetivo de divulgar a festa, ao embalo de músicas de Santo Reis –, e a introdução de cantigas – como versos e emboladas.
A silibrina é uma festa fascinante, mas que envolve sérios riscos para os que dela participam. Ao longo dos anos, um número significativo de pessoas chegou a perder dedos das mãos com o estouro de pitus e busca-pés antes do tempo previsto. Uma quantidade ainda maior de participantes costuma deixar a festa direto para os hospitais, com queimaduras pelo corpo de até terceiro grau.
Seja como for, a silibrina é um festejo tradicional, que não pode ser proibido por nenhuma ação civil pública (nesse ano de 2012, o Juiz da cidade de Lagarto decretou que a Prefeitura Municipal não autorizasse a realização da festa. É bem verdade que os organizadores do evento se ausentaram com medo da multa, que chegava a 50 mil reais. Mas muitos foram às ruas de forma espontânea, até porque as pessoas já haviam comprado fogos e bebidas).
A silibrina não pode acabar porque ela é uma avalanche de emoções que fica presa no peito durante todo o ano, pronta a explodir exatamente quando maio resolve se despedir da gente.
Fonte: Fotografias encontradas na monografia de Aidam Santos Sillva
BIBLIOGRAFIA:
SILVA, Aidam Santos. A silibrina: trajetória de uma manifestação popular lagartense (1985-1995), 2011
SILVA, Aidam Santos. A silibrina: trajetória de uma manifestação popular lagartense (1985-1995), 2011
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