domingo, 9 de dezembro de 2012

EM LAGARTO OS CANGACEIROS ANIMAM E ENCANTAM



Luiz Neto dos Santos encena o cangaço em fazenda de Lagarto

O cangaço foi um movimento nordestino de contestação aos governantes da região historicamente mais esquecida do nosso país. O descaso reinante fundamentou o cangaço, que teve início no século XIX, e que atingiu seu apogeu no século XX - com duração aproximada de 30 anos. A condição de miséria em que vivia o sertanejo, e a ausência quase completa do poder público, criaram o terreno propício à eclosão de um movimento que a princípio tinha caráter local, mas que em pouco tempo atingiria proporções nacional.

Em Lagarto o cangaço diverte e encanta
Para alguns sertanejos cansados das injustiças sociais, e que não vislumbravam outras saídas – a não ser buscarem uma forma de se rebelarem contra um status quo non caracterizado pela dominação e opressão -, o cangaço apontava como um movimento independente, constituído de regras próprias e com condições objetivas de se impor, num cenário tipicamente coronelista.

Em 1938 morre na fazenda Angico, em Poço Redondo (SE), Virgulino Ferreira da Silva - o Lampião. Com a ausência do Rei do Cangaço, e de muitos dos cangaceiros que o seguia, o movimento entra em declínio. Não obstante, o cangaço acaba ganhando força no imaginário popular e se transforma em folclore.
No lendário sertão do Nordeste o Cangaço tem espaço conquistado pela sua própria história, vivida através de lances dramáticos, sangrentos e atemorizantes - que marcaram época de terror e desespero. 

Lampião, o "rei do cangaço", é lenda, é mito, é história viva e emocionante. Ele era o "rei do mato", "do cangaço e do sertão". Suas histórias e estórias passam a ser contadas e decantadas em versos e prosas. 

Em 1960 mesmo, Azulão, um dos cabras do famoso lampião, conhecido como Zé Padeiro, formou um grupo composto por 17 (dezessete) homens e 02 (duas) mulheres (representando Dadá e Maria Bonita) e, com ele, passou a sair pelas ruas da cidade de Lagarto, a cantar e a dançar, em ritmo de forró contagiante de Mirandela, a mostrar o "Corta-Jaca", incentivado pelo triângulo, pela zabumba e pela sanfona.

Zé Padeiro (o Azulão) à frente dos cangaceiros de Lagarto
Em Lagarto, o grupo de Cangaceiros permanece vivo e vibrante. Participando de festas populares em todo estado. 

Em 1988 faleceu José Bernadino Santos, conhecido como José Padeiro. Seu filho, Luiz Neto dos Santos, deu continuidade às apresentações dos cangaceiros, que passaram a participar de festas populares em todo o Estado.

Luiz Neto dos Santos assumiu o lugar de pai com galhardia
O visual é bonito e entusiasmante, com chapéus de couro - totalmente enfeitados -, camisas de mangas longas, divisas nos ombros, jabiracas coloridas, cartucheiras, espingardas e sandálias de couro grosseiro.

O visual dos cangaceiro é bonito
E quando os cangaceiros saem pelas ruas da cidade, a cantar e a dançar, o povo assiste, extasiado, ao cortejo de um cangaço diferente, que, ao invés de despertar medo e terror, consegue, muito pelo contrário, inebriar de emoções toda a população pela beleza, visual e musicalidade de um folclore que sobrevive cada vez mais forte e mais autentico. 

Os cangaceiros de hoje cantam, dançam e encantam


Bibliografia:
NASCIMENTO, Júlio César do. O imaginário social do cangaço: Estudo de caso de representação dos cangaceiros de Zé Padeiro no folclore de Lagarto, 2009.
SANTANA, Josefa Maria Simões de. A história dos grupos folclóricos da cidade de Lagarto, 1999.

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