segunda-feira, 12 de dezembro de 2016


BETH DÓRIA

UMA PROFISSIONAL DA FISIOTERAPIA QUE OFERECE SAÚDE E BEM-ESTAR AOS SEUS CLIENTES ATRAVÉS DO PILATES




O QUE É PILATES E O QUE ESSA TÉCNICA PODE FAZER POR NÓS

Nossos músculos necessitam se manter flexíveis e alongados para continuarem saudáveis. O papel do Pilates é fortalecer os músculos e manter as articulações protegidas. Para isso, exercícios são feitos sem pressa e com muito controle. O Pilates trabalha a respiração, associado com a contratação do abdômen, que é o centro de força do homem. O Pilates lida com exercícios global, que envolvem todo o corpo, e forçam nossa mente a remodelá-lo. 

O Pilates exige concentração máxima na hora de execução dos exercícios e o alinhamento postural é importante em cada exercício, ajudando na postura do indivíduo. As aulas de Pilates trabalha o corpo inteiro, e seus benefícios são tantos que a cada dia aumenta o número de praticantes, haja vista que as pessoas têm percebido a eficácia do método.

O Pilates combate o estresse do dia a dia, e ainda ajuda na concentração e na diminuição das dores musculares causadas pela fadiga do cotidiano.

O Pilates pode ser praticado por pessoas de todas as idades, bastando que para isso o indivíduo tenha consciência do seu corpo. Quem pratica Pilates tem que ter um acompanhamento correto, com o profissional qualificado sempre por perto.

Aparentemente, os exercícios do Pilates são suaves e controlados. Mas não nos iludamos: essa atividade física proporciona sim alongamento e fortalecimento para o corpo, contribuindo para a melhora da respiração e definição muscular (tonificação). Muitos adeptos optam pelo Pilates como treino diário e atividade física.

Em Lagarto, quando se fala em Pilates, a referência que se tem é um estúdio montado na Avenida Francisco Garcêz, 28, de propriedade de Beth Dória.


QUEM É BETH DÓRIA

Beth Ângela Dória Mendonça tem 34 anos, nasceu no dia 03 de setembro de 1982, e há dez é formada em fisioterapia. Beth é filha de sergipanos. Seu pai, José Romilto Mendonça, é natural de Ribeirópolis e sua mãe, Maria da Piedade Dórea Mendonça, nasceu em lagarto. Beth tem um irmão, que hoje está com 36, e que trabalha como consultor organizacional e professor universitário.

Beth foi estudante do Colégio Arquidiocesano, e cursou Fisioterapia na Universidade Tiradentes. O pai de Beth é um renomado professor de educação física em Aracaju, mas Beth confessa que, na opção acadêmica que fez, em nenhum momento sofreu influência do seu genitor.

Romilto queria que a filha cursasse medicina ou direito, por entender que essas são áreas que proporcionam melhor retorno financeiro. Mas a filha chegou à conclusão que queria mesmo era estudar fisioterapia, por ser um curso relativamente novo. Sendo assim, procurou ler sobre o curso que almejava fazer e como ele funcionava.  Foi então à UNIT e ao Centro de Reabilitação e percebeu a magia que era a fisioterapia.

Beth diz ter se identificado muito com fisioterapia porque, segundo ela, é um campo em que o profissional cresce muito como pessoa. O profissional dessa área costuma pegar muitos casos complicados, e há situações em que, no final, apenas a fisioterapia resolve. A fisioterapia tem uma coisa mágica: enquanto outras áreas da medicina tratam os pacientes apenas com remédios, a fisioterapia o faz com o recurso das mãos, sem a necessidade de recorrer a medicamentos – e é isso que é encantador e gratificante. Beth diz que hoje em dia trabalha mais com Pilates, mas sente falta de labutar com a fisioterapia. Ela até cuida de pacientes com problemas neurológicos, mas sente por não estar atendendo em ambulatório, pois sempre teve a consciência que pode dar mais de si para ajudar o próximo.

FISIOTERAPIA E CRESCIMENTO PESSOAL

A proprietária da primeira academia de Pilates instalada em Lagarto confessa que o fisioterapeuta tem a oportunidade de crescer muito como pessoa e aprende, mais que tudo, a valorizar as coisas simples da vida, a perceber que tem gente no mundo passando por situações difíceis, enquanto outras vivem a reclamar por problemas bem menores. Há pessoa, por exemplo, que reclama que o cabelo está feio, ou então que está gorda, enquanto existem por aí pessoas com problemas de saúde sérios – problemas que colocam em dúvida até mesmo a possibilidade de elas estarem vivas no dia de amanhã. Beth confessa que se tornou uma outra pessoa depois que passou a estudar e a praticar a fisioterapia, haja vista que a cada dia tem a chance de aprender lições de vida com seus pacientes. Ela diz que tinha uma mentalidade e um jeito diferente de enxergar o mundo - que mudaram após ela passar a atuar e a conviver com seus pacientes.

Dia desses, nossa fisioterapeuta recebeu a visita de um grupo de alunos do curso de fisioterapia da Universidade Federal de Sergipe, do Campus de Lagarto, e, em determinado momento, todos choraram, precisamente no momento que ela deu um depoimento dizendo que há casos em que, quando a fisioterapeuta consegue a proeza de levantar o dedo de um paciente, ele, em reconhecimento e gratidão, passa a tratá-la como a uma rainha.

Quando Beth decidiu trabalhar com Pilates já tinha 5 de formada e recebia muito pouco, exercendo sua atividade pela manhã e pela tarde na cidade de Itabaianinha. Logo após se formar, ela chegou a trabalhar em Estância, Itabaianinha e Aracaju. Ela então optou por Pilates porque era uma área que estava "bombando", e em Aracaju todo mundo estava fazendo isso. Ela supunha que trabalhar com Pilates lhe proporcionaria um retorno financeiro melhor, e acabou mesmo se apaixonando pela nova técnica que escolheu - e prova disso é que ela fez o primeiro curso, depois frequentou e concluiu mais dois e, no dia a dia, sempre procura se aprimorar, já que, no seu entendimento, o Pilates é uma técnica inovadora, em que o profissional pode perceber evolução rápida nas condições físicas dos alunos.

CURSOS DOS QUAIS BETH PARTICIPOU

Um dos cursos de Pilates que ela fez foi pela FisioServ - que é uma escola que tem sede em salvador, mas que ministrou esse curso em Aracaju mesmo, e que Beth considerou como completo, pois é constituído de módulos de gestante, de neurologia, de criança e de atleta. Nesse curso, ela teve a oportunidade de ver como se deve trabalhar com exercícios básicos, intermediários e avançados. Nele também ela teve a chance de aprofundar conhecimentos de como trabalhar com exercícios em solo e com aparelhos. O curso capacitou a profissional até mesmo para que ela manipule aparelhos com precisão, garantindo assim maior durabilidade a seus equipamentos. O segundo curso do qual Beth participou foi a nível internacional, ministrado em São Paulo por australianos. Foi um curso mais de solo, e sua importância se deveu ao fato de o aprendizado se dá com o apoio de artigos científicos. O principal ganho nesse curso foi a chance de nossa profissional estudar e discutir os cuidados que se deve ter com aqueles movimentos que se pratica no Pilates tradicional – movimentos esse de grandes amplitudes - e que, às vezes, podem contribuir para sobrecarregar articulações. Beth diz que, como fisioterapeuta, ela se esforça para que nada prejudique quem está sob suas orientações e cuidados.

O curso que Beth fez no APPI lhe mostrou que determinados exercícios podem ser praticados, mas com moderação, para não prejudicar as articulações. O curso  internacional feito por Beth Dória foi todo ele voltado para a área da fisioterapia. O último curso do qual Beth participou teve lugar na cidade de Salvador, e foi de Neopilates. O Neopilates é uma atividade nova - trata-se da união do Pilates funcional com a arte de circo -, e orienta o profissional a trabalhar com tecido, com lira, com bolas e demais materiais que se usa na prática da acrobacia. Beth diz que, assim que tiver oportunidade, estará implementando essas novas técnicas em sua academia de Lagarto. Nossa fisioterapeuta possui ainda em seu currículo curso de mobilização neural, e outros que lhe serve de suporte no trabalho que ela desenvolve com o Pilates. Ela fez residência e especialização em ortopedia no hospital São Rafael, em Salvador, e pós-graduação na Universidade Gama Filho, também na capital baiana.

PILATES TEM SUA FILOSOFIA

A filosofia do Pilates é a contrologia, que é a capacidade de as pessoas fazerem todos os exercícios de forma controlada. No Pilates se observa mais a qualidade que a quantidade. Então, o praticante tem que fazer os exercícios com a postura correta, cuidando para que a respiração esteja também correta, com o controle total dos movimentos. O Pilates é um movimento global, em que o praticante consegue uma série de benefícios num único exercício. Às vezes, o aluno pode alongar, fortalecer e imobilizar – tudo num único exercício.  

Quando Beth começou a exercer sua profissão, trabalhou com pacientes do SUS em todas as áreas da fisioterapia: respiratória, neurológica, pediátrica, ortopédica. Quando se estabeleceu na cidade de Lagarto é que ela passou a desenvolver suas atividades mais na área de ortopedia. Não obstante, jamais deixou de atender lagartenses que a procuram com demandas neurológicas em outras áreas.

O Pilates trabalha com todos os tipos de patologia. Beth diz que seus pacientes são tratados apenas com exercícios, até porque o fisioterapeuta não pode prescrever medicação. O fisioterapeuta não é autorizado a fazer isso, e costuma-se obter muitos resultados positivos sem a necessidade de se fazer uso de remédios.

Beth definiu seu campo de atuação profissional por gostar mesmo. Se ela tivesse considerado a questão financeira, teria optado pelo campo da estética, haja vista a certeza que se tem da garantia de um retorno financeiro melhor e mais seguro. Quando ainda estagiava na faculdade, ela gostava muito de trabalhar com atletas e se dedicava à ortopedia, daí ter feito especialização e residência exatamente nessa área. Como o Pilates tem tudo a ver com a ortopedia, Beth confessa que hoje é apaixonada pela área que atua, mas sente muita saudade de atender em clínica e no pronto-socorro.

Beth se formou no final do segundo semestre de 2005 e colou grau no início do ano subsequente. Ela ainda morou em Salvador ao longo de seis meses, porque sua residência era feita de forma integral, e aí ela a conciliou com a pós-graduação. Ao concluir essa etapa dos seus estudos ela voltou para Aracaju, e aí foi convidada por uma amiga para trabalhar com ortopedia na cidade de Estância - e ficou por lá substituindo uma outra profissional por uns três meses. Logo após, Beth recebeu uma nova proposta para trabalhar na cidade de Itabaianinha. Nessa cidade, ela permaneceu por cerca de dois anos e meio, e hoje ela revela ter muita gratidão pelo povo de Itabaianinha, e por lá fez muitos amigos, pois seu povo é muito receptivo e acolhedor. Em Itabaianinha ela recebia cliente em sua clínica que acabavam saindo de lá como amigos – pois ali o atendimento era diário, o cliente chegava, sentava, desabafava e contava seus problemas – e era isso que contribuía, a exemplo do que acontece em sua academia em Lagarto – para que se formassem laços de amizade que perduram no tempo.

A Clínica da cidade de Itabaianinha fechou por um período, mas, graças às amizade que fez nessa cidade, Beth logo conseguiu um contrato e passou a atender em domicílio. Ao optar por fazer esse tipo de atendimento, ela teve a oportunidade de aprender muito, uma vez que sua clientela era formada pela parcela mais carente da população, e ela tinha que lidar diariamente com situações delicados. Nesse período, Beth costumava chegar em casa exausta, após as 21h, 22h, e foi aí que ela decidiu voltar para Aracaju, onde passou a atender em domicílio e na Urgências Médicas, na Ceat e Cemise.

Beth ainda permaneceu trabalhando em Aracaju por um ano, e aí decidiu frequentar um curso e se especializar em Pilates, já convicta que iria abrir sua própria academia. Após concluir o curso de Pilates, passou a pesquisar, e chegou à conclusão que Lagarto poderia ser um campo interessante para ela instalar seu empreendimento. Beth então veio a Lagarto e constatou que havia apenas uma menina que trabalhava com bolas. Ao chegar aqui teve a sorte de conhecer Jadson, proprietário da Loja Blitz, que passou a orientá-la, fornecendo-lhe vários contatos que poderiam ajudar, e lhe indicou imóveis
que ofereciam condições para instalação de uma academia na cidade.

PIONEIRA

Quando Beth estava indo embora, entrou na Cliodonto e constatou que lá tinha uma sala desativada. Então ela fechou negócio, fez as reformas que entendia como necessárias no prédio, e três meses depois já estava trabalhando. Aos poucos a clientela foi aumentando, e o retorno do investimento foi rápido e animador. Beth diz que, quando fala que foi pioneira em Lagarto, se refere à sua iniciativa em ser a primeira a instalar uma estrutura de Pilates em nosso município, pois o primeiro estúdio a trabalhar em Lagarto com solos e aparelhos foi indubitavelmente o dela (depois do de Beth, mais quatro estúdios se instalaram em nossa cidade).

Beth montou seu estúdio com o que há de melhor em termos de aparelhos que se utiliza na prática do Pilates: o cadilac, o riform, o barril e a chair – ou cadeira. No mercado só há esses quatro equipamentos que podem ser utilizados na prática do Pilates,  a partir de uma infinidade de variações – a depender dos complementos que acompanham cada um. Cada equipamento possibilita se fazer inúmeros exercícios, a depender da criatividade do profissional e da necessidade do cliente em trabalhar determinadas articulações corporais na aula daquele dia. Todos os equipamento permitem se fazer exercícios com ou sem molas, e o profissional ainda tem a opção de incrementá-los, lançando mão de bolas com pesos variáveis - dentre outros acessórios.

O riform é um equipamento que se usa para exercícios mais estáveis. O barril é um equipamento que não tem molas. A cadeira é um equipamento utilizado para se fazer exercícios de braço e intermediários. O Cadilac é um equipamento que pode ser usado simultaneamente por até três alunos.

Beth considera o Cadilac o equipamento mais completo e é o que ela mais gosta, uma vez que ele permite que se façam acrobacias e exercícios mais avançados. Uma das vantagens do estúdio da Avenida Francisco Garcez é que os equipamentos podem ser usados por todos os alunos, independente de sexo e idade. Não existem restrições, contraindicações nem idade para se fazer Pilates. Cabe ao profissional dosar os exercícios em conformidade com os objetivos de cada pessoa, e com a carga que cada um pode suportar – depois de o profissional observar e analisar o condicionamento físico do praticante.

A clientela de Beth é composta em sua maioria por mulheres, mas o número de homens tem aumentado muito. Muitos adolescentes têm passado a praticar Pilates, assim como universitários, crianças e pessoas na faixa etária entre 30 a 60 anos. Beth diz que costuma ser bastante flexível quando se trata de valores e de formas de pagamento - sem esquecer, é claro, do que se configura como um preço justo.

PILATES É PARA QUEM SE PREOCUPA EM SE MANTER SAUDÁVEL

Beth costuma dizer que, ao contrário do que se alardeia por aí, Pilates não é coisa de rico; Pilates é coisa de gente inteligente e que gosta de cuidar de sua saúde. É preciso que o cliente considere que estará praticando exercícios num ambiente climatizado, livre de barulhos e com poucos alunos – o que garante um atendimento personalizado. Em um estúdio de Pilates não se pode colocar num mesmo horário a quantidade de alunos que se coloca numa academia. É preciso saber que o profissional que atende na academia de Pilates passou por uma série de cursos de especialização – pois Pilates é uma atividade séria que, quando praticado de forma errônea, pode resultar em problemas graves para o praticante. Daí a necessidade de se saber os cursos pelos quais o professor passou.

A proprietária da academia Beth Doria confessa ser difícil trabalhar na cidade de Lagarto, pois, toda vez que abre um estúdio novo, a tendência é o dono cobrar um valor sempre abaixo do real, visando atrair o maior número de clientes. Beth entende que não se pode fazer isso e continuar sustentando o discurso de que se vai oferecer um serviço de qualidade, e que, muitas vezes, as pessoas confundem o barato com o popular. É preciso considerar que é muito caro se montar e abrir uma academia de Pilates. É preciso compreender ainda que os preços cobrados no Pilates serão sempre maiores, pois uma academia de Pilates comportará sempre um número menor de alunos por vez. Beth diz que, independente do preço, quando um aluno procura o Pilates deve considerar sempre o retorno, que se traduz, em última análise, em benefícios para sua saúde física.


UM PRÁTICA RECOMENDADA PELOS MÉDICOS

Dórica esclarece que na atualidade o Pilates é uma das práticas mais recomendadas pelos médicos para homens e mulheres. A fisioterapeuta lembra que ainda há preconceito em relação à prática do Pilates, pois muita gente ainda o considera coisa para mulher. O preconceito hoje é bem menor, uma vez que a mídia tem falado com frequência do Pilates, e os benefícios da prática têm se difundido muito na sociedade. As próprias pessoas que praticam Pilates acabam indicando-o a amigos e parentes.

Quando o cliente chega pela primeira vez na academia demonstrando interesse em praticar Pilates, Beth o submete a uma avaliação, confere sua patologia, verifica sua necessidade para ficar bem fisicamente, e o submete a alguns exercícios básicos, visando avaliar sua postura e possíveis problemas de coluna. A fisioterapeuta sempre senta com o aluno novato, conversa com ele e faz uma análise dos exames (muitos alunos levam exames quando do ato da matriculo, o que acaba por facilitar Beth definir seus tratamentos). Ao longo das aulas, Beth sempre está atenta, verificando erros na execução de exercícios, para evitar assim que os mesmos voltem a se repetir na aula seguinte. No transcorrer da aula, o aluno é submetido a alongamento, mobilização, fortalecimento da musculatura, e exercícios para trabalhar com a coordenação e contrologia da movimentação. No caso de clientes idosos, Beth priorizará o trabalho com o equilíbrio, e diz que a vantagem de atuar só é porque ela tem a chance de acompanhar passo a passo a evolução de cada aluno.

OFERECER MAIS E MELHOR É A META

Beth tem planos para construir e montar um estúdio próprio, maior e mais moderno em Lagarto. Antes, é pretensão sua equipar o estúdio atual com os equipamentos que irão viabilizar a prática do Neopilates, pois ela gosta de inovar, de oferecer sempre mais opções para aqueles que procuram sua academia e integram sua clientela. Beth já colocou em sua academia aulas de muay thai, de zumba e fitdançe.

As pessoas costumam procurar a academia de Beth por indicação médica ou por alunos que já praticam Pilates e sabem de seus benefícios para a saúde. O cliente que chega pela primeira vez na academia de Beth sempre mostra curiosidade em saber sobre os exercícios praticados durante uma aula. Beth então o convida para uma primeira aula experimental - que também é gratuita. O aluno principiante se familiariza com os equipamentos, e então ele vai para a prática.

A maioria das pessoas pode fazer Pilates. Não obstante, alguns exercícios têm contraindicações – precisamente para pessoas que usam marca-passo, para aquelas que têm labirintite ou mulheres que se encontram nos três primeiros meses iniciais de gestação.

Às vezes, há clientes que procuram uma academia de Pilates pelo preço; não pela qualidade. Quando o cliente chega em sua academia por indicação médica, Beth se debruça com atenção sobre a patologia e procura saber mais detalhes do cliente: onde é que dói e onde é que ele não sente maiores desconfortos. A partir daí ela define exercícios iniciais para trabalhar nas extremidades e, num segundo momento, chegar ao foco da dor.

OS RICOS DE SE PRATICAR PILATES COM PROFISSIONAIS SEM A DEVIDA HABILITAÇÃO

Há pessoas no mercado que oferece a prática do Pilates sem possuir qualquer tipo de formação. Beth diz que seu curso de Pilates teve a duração de dois anos, mas que ela sabe que há gente no mercado dando aulas, mas que estudou as técnicas do Pilates apenas por Workshops que costumam durar uma final de semana; no máximo uma semana. Beth entende que a fiscalização deveria atuar com mais intensidade, pois, em nosso país, os únicos profissionais autorizados a dar aula de Pilates são fisioterapeutas, professores de Educação Física e Bailarinos – que possuam em seus currículos cursos de Pilates.

Há riscos enormes para aqueles(as) que frequentam aulas de Pilates com profissionais que não possuem formação adequada. O indivíduo pode praticar exercícios que prejudicam as articulações e aumentam as dores. Exercícios mal feitos e sem acompanhamento podem resultar em machucados, quedas, quebras de braços ou pernas. No caso de uma mulher, se ela ainda estiver nos três primeiros meses de gestação terá que ter atenção especial quando estiver praticando exercícios abdominais. Se uma criança for submetida a exercícios inapropriados, poderá comprometer seriamente suas articulações.

O Pilates requer uma evolução. É natural que quando uma pessoa chegue pela primeira vez na academia, não possua ainda força nas pernas e abdômen que atendam às expectativas do professor. Então, toda atenção é pouco no sentido de se evitar acidentes.

UMA TEORIA QUE EVOLUI

O Pilates tem uma teoria básica, que trata da contrologia e postura, mas o profissional tem que sempre atentar para as condições físicas do paciente para aplicar aquilo que seja mais adequado em cada situação. Não se pode, por exemplo, aplicar exercícios de grande amplitude lombar a quem apresenta dor. Há também muita teoria relacionada à respiração: quando se puxa o ar; quando se solta... Há ainda muitos estudos e publicações que versam sobre pacientes com problemas neurológicos. Beth diz que a teoria que trata do Pilates está sempre em evolução, haja vista receber a contribuição permanente dos profissionais que lidam com a técnica e com pacientes no dia a dia.

O PILATES COMO ALIADO

A filha de Romilto e Piedade revela que há sim hábitos que podem atrapalhar a pessoa a ter o retorno desejado quando pratica o Pilates. Ela é categórica quando afirma que o Pilates pode ser um aliado para quem tem problemas respiratórios. Outras pessoas que têm dificuldade na prática do Pilates são aquelas que não se alimentam bem, ou as que comem demais e de forma errada. Há pessoas que chegam na academia por indicação de nutricionista, principalmente aquelas que têm como foco a perda de peso. Beth diz que se uma pessoa não tiver sua alimentação regularizada, em nenhuma atividade física conseguirá perder peso. Doria confessa que adora fazer um trabalho multidisciplinar.  Bons resultados são alcançados em sua academia graças a parcerias com nutricionistas e profissionais de Educação físicas e de outras áreas da saúde.

O PILATES É SEMPRE INDICADO POR REUNIR EXERCÍCIOS QUE TRABALHAM TODO O CORPO 

Para uma pessoa que ainda tem dúvidas se deve ou não frequentar uma academia de Pilates, Beth diria que, se ela se preocupa com sua saúde ou com prevenção, deve praticar alguma atividade física. Nossa fisioterapeuta indicaria a essa pessoa o Pilates por ser uma atividade global, em que o paciente conseguirá trabalhar todo o corpo numa única atividade. Beth diz que sempre convida o cliente a fazer uma aula, com a certeza de que seu cliente sairá dali se sentindo mais leve e feliz. Ela diz que não quer que a pessoa chegue em sua academia apenas porque está sentindo dor. Deseja que ela chegue normal, para que a prática do Pilates se constitua tão somente na garantia de uma vida tranquila e saudável. Afinal, o principal foco do Pilates é garantir qualidade de vida. Em sua academia, Beth não vende apenas saúde; vende também alegria, felicidade, amor, carinho, gratidão... Beth disse que, para além de ter apenas alunos, tem amigos. A preocupação dela é fazer seus clientes perceberem que estão frequentando um ambiente bom e agradável, para que assim eles façam tudo com prazer. Beth conclui falando que uma coisa que lhe traz felicidade é perceber pessoas se sentindo bem e cada vez com mais disposição.


Agradecimentos: Agradeço a Beth Dória por reservar parte do seu tempo para conversar comigo e permitir que eu fizesse os registros fotográficos que publiquei aqui. Beth foi sempre muito simpática e muito solícita nas vezes que  a procurei para confirmar informações e tirar dúvidas. Agradeço ainda a Jackeline Santana por estar sempre por perto, viabilizando esse trabalho.

Fotos: Eduardo Bastos
           Fotos do arquivo particular de Beth Mendonça Dória

domingo, 19 de junho de 2016



RENATA CARVALHO


O AMOR PELO SAMBA, A PAIXÃO PELO FORRÓ E UMA VIDA QUE SE CONFUNDE COM A ARTE DE DANÇAR







EDUARDO BASTOS
KIKO MONTEIRO



                                                            Não procuro a medida certa, o caminho certo, o comportamento certo, a vida certa. A vida está além disso. (Renata Carvalho)


"Cordão"


O samba que aprendi

Não nasci em roda de samba, não sou filha de batuqueiro e a cor da minha pele não é negra. Nasci de pele branca, perto da fogueira de São de João e em meio ao pagode russo de Seu Luiz. Mas sou branca, preta, mulata, mestiça, mistura. Sou do xaxado, do contato, do improviso, do samba.

Sou do samba da casa de minha avó, girando como porta-bandeira no quintal das mangueiras com uma toalha enrolada na haste da vassoura e uma coroa dourada na cabeça. Essa é uma lembrança muito forte. Minha avó dançava comigo e dizia que queria ter sido uma porta-bandeira. O vínculo dela era com paixões. Pelo carnaval, pela alegria, pelo samba, pela brincadeira e na sua casa, lá num canto nordestino do Brasil, cabia tudo isso.

Venho do samba sambado no meu quarto. Atenta ao ritmo, brincava com ele ou imaginava minha comissão de frente. Do samba sambado pela casa no dia a dia, nos dias de faxina, dançando com minha mãe e cantando com ela, nos dias de tristeza, de alegria ou de cozinha trabalhando para o jantar de aniversário. Do samba do violão de Antero e da caixa de madeira colorida da amiga mais Flor, cantados na varanda na minha melhor casa de praia do mundo. Aqui, minha mãe assume a herança de minha avó e invoca a dança. Comida boa, música alta, samba na cozinha e no fim da tarde descansa o dia com sua voz tímida e docemente forte.

Ela encheu nossa casa de Chico e Bethânia, Paulinho, Martinho, Vinicius e Zeca Pagodinho, de Noel, Candeia e Cartola, Beth Carvalho, João Nogueira, Dorival e Dona Ivone.

Sou daquele que faz chorar quando canta a passagem da Portela na avenida, do que faz lembrar do melhor amor que ‘chega iluminando meus caminhos tão sem vida’, do que carrega a alegria do Marinheiro no balanço do mar e faz dos pés inteiramente da terra. Sou desse samba rasteiro e encantado e do samba elegantemente malandreado, do samba das escolas que nunca fui, do miudinho, do partido e canção.

Sou dos que vem de longe, de perto, de todos que me iluminam. Com eles sou mais forte.
Não lembro o primeiro samba que ouvi, nem o primeiro que dancei, mas sei que não era preciso muito para o samba chegar e contaminar, sua presença sempre foi constante e necessária, porque é felicidade incomensurável, pensamento em ventura, sorriso bom, braços abertos e pés em voo.

Um universo vivido nas canções que escutei, construído poeticamente a cada batuque porque é com ele que o coração vibra e os braços embalam cada história como se fosse minha, como se eu fosse uma das moças do samba pra elas e o batuque na cozinha fosse na minha.

As minhas lembranças estão no meu corpo e em como danço meu samba. Estão nos pés fortes do nordeste, na poesia lida pelas mãos, na postura encontrada do malandro, no olhar de quem olha o melhor presente, no sorriso e no coração, aquele que sente, em cada um que escuta e, inevitavelmente, dança.

Eu sei que sou, que faz parte e é pedaço de mim. Sou do samba, dos pés ao coração.

(Texto escrito por Renata e que é lido no início do espetáculo "Cordão")




"ESSA AQUI É A PROFESSORA RENATA..."

Foi o professor e amigo Irineu Roberto de Oliveira quem me falou pela primeira vez sobre a professora Renata Carvalho. Estávamos no sítio de propriedade dele e de seus irmãos, e Irineu, enquanto eu ajudava seu irmão Alberto - que estava em cima do telhado trocando uma bica -, lembrou de algo que queria me dizer. Jackson do Pandeiro tinha acabado de cantar seus sucessos e Chico Buarque começava a entoar Carcará, quando o amigo se aproximou de mim.

Irineu: Eduardo, você tem que conhecer uma pessoa, uma professora que começou a trabalhar agora lá no colégio onde ensino, lá no Silvio Romero.

Eduardo: Ela leciona o quê? E de onde ela é?

Irineu: Ela é de Aracaju, ensina Arte e foi aprovada no último concurso. É uma mulher inteligente demais, está cursando doutorado em Portugal e gosta muito de cultura, de livros e dessas músicas que a gente ouve. Você precisa conhecer Renata!


Tive o privilégio de conhecer Renata através do amigo Irineu mesmo, numa tarde em que fui à subsede do Sintese aqui de Lagarto confirmar uma viagem. Na ocasião, o amigo me apresentou sua colega de trabalho, e foi quando me enchi de curiosidade e fiquei sabendo pela própria Renata que ela leciona Arte no Colégio Estadual Silvio Romero e estuda Doutorado em Dança em Portugal. Fiquei sabendo ainda que sua opção em ir estudar no além-mar, na terra do fado, deve-se ao fato de ela sempre sonhar viver experiências novas, estabelecendo contatos com outras culturas e povos. 

Nesse bate-papo com a professora Renata Carvalho, tomei conhecimento que ela fora convidada e estava se preparando para fazer uma apresentação de dança na próxima edição do Sarau da Caixa D’água, dia 27 de fevereiro de 2016. Como ficara curioso, na tarde em que a professora iria se apresentar ocupei um banco defronte do palco do Sarau, e fiquei curtindo as apresentações musicais, enquanto aguardava Renata entrar em cena. 

E ela foi chamada mesmo ao palco, e foi fantástico! Foi mágico e lindo ver a performance da professora naquele espaço! Ela trouxe a alma dos grandes sambistas do nosso país para debaixo da caixa d’água de Lagarto, e deixou-se embalar pela nata dos compositores, como Candeia (Preciso me encontrar), Vinícius de Moraes (Samba da benção), Dorival Caymmi (O samba da minha terra), João da Bahia (Batuque na cozinha), João Nogueira e Paulo César Pinheiro (Guerreira) e Dorival Caymmi (Morena Rosa). Ao pedir licença ao Rock e à MPB, e ao delimitar seu espaço no palco, Renata incorporou e expressou - com seus gingados, requebros e rebolados - a essência de cada melodia que a inspirava e dava sentido ao seu bailado. 

Foram minutos que podiam se prolongar por horas aqueles em que Renata Carvalho encantou e hipnotizou a todos (à boquinha da noite de um sábado em Lagarto). Renata rodou e rodopiou, até vestir a saia no palco - sem perder a elegância nem o rebolado por um segundo sequer. Depois tomou de sua panela, e finalmente de sua bandeira - e foi ai que virou porta-bandeira, defensora do samba que a transformou por uma noite na musa do Sarau da Caixa D’água.

Antes de Renata concluir sua apresentação àquela noite no Sarau da Caixa D'Água, aconteceu algo inusitado. A professora percebeu o entusiasmo e a empolgação do público com sua performance no palco, continua dançando, mas resolveu convidar pessoas da plateia para acompanhá-la. O primeiro a ser chamado para fazer-lhe companhia no palco fui eu. Tomei aquilo como surpresa, me fingi de desentendido, comuniquei através de gesto que não levava o menor jeito para a dança, e senti meu coração tranquilizar quando outras pessoas aceitaram com alegria o chamamento de Renata. 

No outro dia, assim que acordei, tive uma ideia e tratei de entrar em contato com meu amigo Irineu, através de uma rede social: 

Eu: Você viu como foi bonita a apresentação de Renata lá no Sarau? 

Irineu: Vi sim! Mas você passou vergonha, "bateu fofo"! Como é que Renata chama você para dançar e você faz uma desfeita daquela? 

Eu: Olhe, seu cabra-safado, preste atenção numa coisa: você não sabe que eu não levo o menor jeito para a dança? Como é que eu ia subir naquele palco para dançar logo com Renata, e ainda mais com todo aquele público olhando? 

Irineu: kkkkkkkk 

Eu: Sim, você viu Renata me chamar ao palco, não foi? Mas onde era mesmo que você estava? 

Irineu: kkkk. E você acha que eu sou besta como você, que eu ia ficar rodando a cara ali perto do palco, correndo o risco de Renata me ver e me chamar para dançar? Eu fui com o meu cachorro e aproveitei para ficar atrás do público, longe das vistas dela! Assim eu me livrei de ser visto por Renata e de ser chamado para dançar no meio daquele povaréu.

Eu: Seu filho duma mãe! Pois olhe, eu vou procurar compensar aquele vexame que dei ontem à noite. Estava aqui agora pensando e cheguei à conclusão que seria interessante eu produzir um trabalho escrito sobre a dança e o trabalho da professora Renata. Seria uma forma de eu me desculpar com Renata e ainda render-lhe uma homenagem. E por falar nisso, Irineu, eu não tenho como falar com a professora Renata. Você poderia me passar o contato dela?

Renata me atendeu com a educação que lhe peculiar. Me identifiquei, parabenizei-a pela apresentação da noite anterior e lhe fiz um pedido: "Professora, será que você podia me passar os títulos das músicas e os nomes dos autores das canções que você usou ontem em sua apresentação?" 

Nesse primeiro contato, eu disse à professora Renata que intencionava apenas escrever um pequeno texto no Facebook sobre a performance dela no Sarau. Num segundo momento, revelei minha real intenção: "Renata, na verdade o que eu queria mesmo era produzir um texto de maior fôlego sobre seu trabalho com a dança para publicá-lo no meu blog." 

Para fazer essa entrevista com a professora Renata, convidei e contei com a colaboração luxuosa do meu amigo Kiko Monteiro, que renunciou a uma tarde inteira de folga do trabalho dele lá no Portal Lagartense para estar ao meu lado nessa agradável tarefa de ouvir a professora Renata Carvalho.

ENTREVISTA


QUEM É RENATA CARVALHO?

(Hesitação) Essa é uma pergunta que não se faz a uma geminiana (muitos risos). Bem, eu sou muito geminiana (que minha irmã não escute isso), por vezes contraditória em decisões que preciso tomar, mas insistente em tudo aquilo que quero e acredito de verdade. Sou pouco paciente, porque quero as coisas para ontem, mas consigo achar paciência e força em tudo aquilo que desejo. Tenho o pavio um pouco curto, sou oscilante emocionalmente (risos). 

Sou movida pelo coração, pelo que me toca verdadeiramente. Gosto do bom humor e pitadas de sarcasmo (risos). Me questiono muito. Dizem que sou meio fria ou pouco dada a demonstrações de afeto. Mas isso é para quem me conhece pouco. Acho que meu afeto está mais relacionado às minhas atitudes do que estar com muitos beijos ou abraços. 

Adoro filmes de época, cinco e meia da tarde é a hora mais bonita do dia, e falo muito, muito mesmo. Gosto de dar risada, sou meio besta para rir. 

Difícil me expor assim (risos).

RENATA, FALE UM POUCO SOBRE SUA INFÂNCIA

A dança desde sempre
Nasci em Aracaju. Minha infância foi vivida basicamente na casa de minha avó Nadir. É de onde tenho as lembranças mais fortes... lembro primeiramente do forró na sala dela e de tantos encontros... Ela gostava de juntar as pessoas... Tenho lembrança da biblioteca do meu avô, Alberto Carvalho, onde eu fingia ser professora dele usando a espada de He-Man. Para mim, a música desse período é Pagode Russo, de Luiz Gonzaga. Foi uma infância muito dançante e muito tranquila também. Eu não era de aprontar tanto, eu gostava mais de dançar, brincar na rua ou sozinha de Barbie - sim, porque eu tinha vergonha de fazer as falas para outras crianças ouvirem (risos), de ser professora - carteiras arrumadas, aulas de português e mais tarde de inglês também (risos).






A mesa

Era dia de mudança e coisas no lugar
Era dia de sol, vento forte e luz bonita na janela
Dança com pai, cheiro de mãe e camomila
Era dia de repente
De repente o susto, o corte, o vermelho. A dor.
A dor contida de choro, choro sem força de dor
Dia de urgência e felicidade sem pressa
De poucas palavras e mais ternura
Há de se saber que ela chega de repente
Canta em cada canto
E arrasta qualquer dor
Porque a dor do corte é menor do que o afeto que o corte da dor traz
Porque a dor do corte vem e vai
O afeto não.

31/05/13

ESSA SUA INFLUÊNCIA MUSICAL VEIO DE ONDE?

Veio de minha mãe, Ana Miriam, que é uma pessoa muito musical e tem uma voz linda, especialmente quando canta “O Meu Amor”, de Chico Buarque. Apesar de ter tido muita música na casa dos meus avós, lembro mais de meu avô com os livros e as conversas com os escritores que iam na casa dele, e eu ouvia tudo aquilo. Só que eu era muito nova - tinha treze, catorze anos – e foi quando comecei a prestar atenção em todo esse ambiente. Meu avô era apaixonado também pelo cinema, mas a música em mim é muito forte com minha mãe. Desde a infância eu escuto Chico, Maria Bethânia, Beth Carvalho, Cartola, Noel Rosa... Nós fazíamos muita coisa juntas com trilha sonora, dançávamos pela casa em dias de faxina, enquanto cozinhava ou ela mesmo cantava pela casa e eu chegava junto para cantar com ela. 

SUA VIDA ESTUDANTIL FOI TODA EM ARACAJU

O futebol deu medalhas a Renata
Até a faculdade, sim. Eu estudei no CCPA, e no ensino fundamental fui para o Colégio São Paulo, onde concluí o Ensino Médio. Em seguida, veio a Universidade Federal de Sergipe. Primeiramente eu fiz vestibular para Letras - Português/Inglês -, mas fiquei em quarto excedente; depois fui para Artes Visuais. Cursei dois anos e assim que apareceu Licenciatura em Dança, tentei e passei. Sou da primeira turma. Mas eu já tinha relação com dança antes de frequentar o curso. Eu concluí Dança, fiz especialização em Arte-Educação, depois o mestrado em Dança... 


E AÍ VEIO A IDEIA DE IR PARA PORTUGAL

Duas coisas muito fortes me motivaram a ir para Portugal. Uma questão pessoal, vontade de conhecer mesmo e a necessidade de dar continuidade à minha formação. Terminei a Licenciatura e a Especialização, mas em Aracaju não temos o Mestrado em Dança, acabava na especialização em Arte e Educação, que era a área próxima daquilo que eu queria. Outra opção era eu ir estudar em Salvador, mas eu nem cheguei a tentar, porque não resolvia um desejo meu, que era conhecer a Europa. 

Ensaio para o 4º Colectivo
Em 2009 encontrei o Mestrado em Performance Artística – Dança, na Faculdade de Motricidade Humana (Universidade de Lisboa) e nela uma estrutura curricular que me interessava e atendia o que eu queria. Eu sempre fui estimulada a estudar fora, mas não tinha tanta coragem. No entanto, em meados de 2010 essa ideia começa a se fortalecer e em 2011 me candidatei ao Mestrado e fui aprovada. 







Lá fiz parte do 4º Colectivo – Grupo de Pesquisa e Criação em Dança da Faculdade de Motricidade Humana, sob a direção da Professora Dra. Ana Macara. Foram quase 2 anos, com apresentações em Lisboa e Espanha. Foi engrandecedor… em Lisboa também apresentei meus solos.

QUAL É A SENSAÇÃO DE CHEGAR EM PORTUGAL?

Estações 2
Eu não conhecia ninguém lá. Quando eu fui tinha um casal à minha espera, que por acaso é de Aracaju. Minha dentista que me colocou em contato com Luciana, parente dela, mas eu não a conhecia pessoalmente. Eles foram meus anjos da guarda. Morei com eles durante cinco meses. Chegar em Portugal... comecei a pensar e escrever sobre isso... é como chegar em casa, é uma sensação de conforto muito grande. Lisboa é uma cidade extremamente aconchegante. Ela é uma cidade grande, mas ao mesmo tempo tem um ar de cidade pequena: ruas estreitas, a pastelaria que se frequenta regularmente onde as pessoas se conhecem, o ritual de beber o café juntos... 

Existem choques culturais entre brasileiros e portugueses, é natural - e isso é sentido nas ruas, em relações mais próximas -, mas Lisboa traz essa sensação de acolhimento, a sensação que eu tive foi de realmente ter chegado em casa. 

TEM MESMO ESSE CHOQUE, NÃO É?

Tem. Tem, mas é superado por conta do próprio tempo. O choque que eu mais senti foi em relação ao comportamento, de sermos abertos demais, de querermos conversar muito, contarmos coisas, e eles serem mais reservados, de não terem essa convivência mais regular na casa do outro... Com isso, a gente aprende a se segurar mais um pouco, a não ser tão aberto, a ter cuidado com o que vai falar e, principalmente, a ser menos invasivo. Tem as expressões também, porque algumas palavras têm outros significados e outras nunca vi por aqui. 

FALE UM POUCO SOBRE ISSO

A celebração do forró coincide com seu aniversário
Tem o “fixe” usado sozinho mas você logo reconheceu através da fala de sua avó… (Dia desse eu falava com Renata numa rede social e ela me perguntou se eu estava "fixe". Ri muito da pergunta, principalmente por me ser feita por uma doutoranda, mas eu disse à professora que conhecia a palavra dentro de uma expressão, pois cresci ouvindo-a da boca de meu avô e de minha avó. Sempre que eu estava na companhia do meu avô e encontrávamos um dos seus amigos, meu velho tascava logo a pergunta: "E aí, rapaz, você tá forte e fixe?"). 

A expressão “forte e fixe que nem maxixe” eu conhecia, mas nunca vinculei a “estar bem” (risos).

Em Portugal tem o giro para o homem e gira para mulher, quando se quer referir que ele é bonito ou que ela é bonita; tem o esferovite que é o isopor; x-acto que é o estilete; lixívia que é nossa água sanitária; casa de banho, quando eles querem se referir a banheiro; cueca é cueca masculina e feminina; cheguei a ouvir a fila ser chamada de bicha, mas pouco. 

Muita coisa muda no material de arquitetura, e minha irmã que está estudando lá teve que reaprender todos os nomes de tudo que ela usava, de todo o material, instrumentos e tipos de papeis.

QUAL A BASE MUSICAL QUE VOCÊ MAIS VÊ (ESTUDA) LÁ NA UNIVERSIDADE?

Dentro do próprio curso a gente não tem uma relação tão direta com a música. Existe nas criações, dentro das disciplinas Composição Coreográfica ou Novas Tecnologias em Dança. Nas nossas criações, depende do que você quer com o seu trabalho, e dentro dessa trilha sonora, ou “banda sonora”, como se diz lá, pode ter sons, ruídos, não necessariamente só o que reconhecemos como música. Ou pode não usar trilha nenhuma. Em um dos meus solos, criado para o mestrado, aconteceu isso, de não ter trilha ou sons; só um poema sussurrado.

O QUE VOCÊ TRARÁ DE LÁ DE PORTUGAL E QUE PODERÁ CONTRIBUIR PARA SUA ATUAÇÃO ENQUANTO PROFESSORA?

Fotografia
Admirei muitas coisas lá e uma delas é a organização e seriedade para fazer os trabalhos. Existe uma preocupação grande com a estrutura dos lugares de apresentação e sua logística. Isso é uma das coisas que eu gosto lá. E também ouvir o outro. Eu percebi dentro da Universidade e dentro dos próprios eventos dos quais eu participei - dançando ou como espectadora -, que existe, além de uma boa logística e organização, uma preocupação com quem vai dançar. Não era necessário exigir isso, porque do outro lado já se tinha essa atitude. Muitas vezes temos uma estrutura ruim para nos apresentarmos, em vários aspectos, e isso permanece porque, ainda assim, vamos lá e cedemos. E muitas vezes cedemos porque amamos o que fazemos. Aqui, infelizmente, a arte e os artistas, ainda tem que lidar com esse tipo de coisa.

E dentro da Faculdade eu me senti muito à vontade, no sentido de fazer parte e ser respeitada, como alguém que estava ali não só para fazer uma pesquisa. Vai além disso. Senti-me levada para perto. A apresentação de minha tese de Mestrado foi enriquecedora, porque eu percebi a banca interessada em discutir o assunto, fazer proposições, sem levar nada para o pessoal. 

Tudo isso me marcou. E fortaleceu em mim o inconformismo diante de como as coisas são feitas por aqui, o desejo de continuar ativa diante disso e, que sim, as coisas são possíveis.

QUAL FOI O TEMA DA SUA TESE DE MESTRADO?

Foi a relação da Dança Contemporânea com a Dança Popular. No caso, eu foquei mais no samba e, para isso, eu fui para o Rio e fiz um estudo de caso com a Companhia Arquitetura do Movimento, da coreógrafa carioca Andrea Jabor. 

Quando eu estava no Mestrado, ela tinha terminado o último espetáculo sobre o samba. 

Ela fez uma trilogia, começando a pesquisa em 2007. Desde o início em 1999, a Companhia pesquisa a relação da dança contemporânea com outras linguagens: literatura, tecnologia e artes plásticas. Em 2007, Andrea resolve pesquisar o samba, vai a fundo e acaba produzindo três espetáculos - uma Trilogia do Samba, como ela chama. 

VOCÊ TEM UMA RELAÇÃO MUITO ESTREITA COM O SAMBA CARIOCA. DE ONDE VEM ISSO?

O Samba no quintal da avó
Vem do quintal de minha avó (risos). Como eu falo naquele texto, vem "do quintal das mangueiras, com uma toalha enrolada na haste da vassoura e uma coroa dourada na cabeça”. Vem desde sempre. Isso foi só aumentando... Vem das escolas de samba que nunca fui... Imaginava a minha comissão de frente... A comissão de frente e as passagens dos casais de mestre-sala e porta-bandeira sempre foram momentos que me interessaram nas escolas de samba! 

Eu tenho essa paixão pelo samba de fato, mas eu nunca tinha levado o samba para minha área de pesquisa. Eu sentia que devia isso a ele, por conta de tanto respeito, de tanta admiração que eu sinto, mas que sempre ficava na zona do entretenimento e da contemplação, de ouvir, de dançar... e foi quando minha mãe - sempre minha mãe (risos) - chamou minha atenção para isso. 

O samba é uma coisa que eu gosto tanto que, às vezes, tenho medo de tocar nisso, de não fazer alguma coisa que esteja ao alcance dele. 

Por entre Modigliani e outras intimidades
No Mestrado, minha pesquisa foi essa. Mas a intenção, quando eu cheguei no mestrado, era fazer uma relação da Dança Contemporânea com as Artes Plásticas, resquícios dos dois anos em Artes Visuais que eu tinha feito na Universidade. Tanto que, o que eu produzi dentro do Mestrado, coreograficamente, tem a ver com essa relação com as Artes Plásticas. Escolhi o pintor italiano Amedeo Modigliani para desenvolver o trabalho, mas no início do segundo ano do Mestrado minha mãe questiona eu não fazer sobre o samba. Eu disse "não, já escolhi o tema".


Tempo depois eu estava ouvindo um samba no meu quarto e alguma coisa disse assim: "Minha filha, fale sobre isso!". E aí eu cheguei descaradamente para o meu orientador, o Professor Dr. Daniel Tércio, e disse a ele que tinha mudado o tema (risos). Ele tomou um susto, mas se interessou, porque ele conhece muita coisa sobre a dança no Brasil e, por acaso, ele tinha escrito um artigo falando sobre a relação entre a dança no Brasil e em Portugal, e, mais por acaso ainda, ele tocou no nome de Andrea Jabor, a coreógrafa sobre a qual eu pesquisei. O susto, por parte dele, foi porque estava tudo definido. 

RENATA, DANÇAR FOI SEU PRIMEIRO SONHO? VIVER EM FUNÇÃO DA DANÇA FOI SEU PRIMEIRO SONHO?

No espetáculo canto para ela
Dançar sempre foi um entretenimento para mim. Pensava em ser Professora de Português. Comecei a fazer aula de balé quando eu era pequena, acho que eu tinha onze anos - fiz dois meses e enjoei. Só retornei na adolescência. Mas, antes disso, eu jogava bola, eu gostava muito de jogar futsal. É... joguei durante todo o ensino fundamental e médio. Também não pensava nisso como carreira, mas eu costumo dizer que levei o futebol primeiro a sério do que a dança. A dança veio já no finzinho do futsal, já no ensino médio. 


ENTÃO A DANÇA É RECENTE

No início com a Dança do Ventre
Comecei com 17 anos, com a Dança do Ventre. Com isso, temos aqui 16 anos de dança. Fiz aula no Cultart, na Academia Sergipana de Balé e muitas oficinas e workshops, além de residências lá em Portugal.

Outra paixão era escrever. Eu escrevia muito. E sempre fui muito apaixonada por português, pela língua portuguesa. Fiz um curso de inglês paralelo à escola. Meu primeiro vestibular foi para letras - português/inglês -, e o inglês veio mais porque eu já tinha feito o curso, mas o que me interessava mesmo era a língua portuguesa. Eu escrevia diários, mas escrevia em inglês por conta da privacidade (risos). Depois eu começo a rabiscar desenhos e percebo que meus desenhos se parecem, lembram um pouco a forma de minha mãe desenhar. Aí eu começo a pintar em camisa, vem o artesanato e tudo começa a se misturar. A partir dos 17 anos essas coisas começam a ficar mais latentes e a se cruzar: desenho, artesanato, escrita, dança... 


QUAIS FORAM OU QUAIS SÃO SUAS REFERÊNCIAS NO MUNDO DA DANÇA?

Têm artistas que eu gosto muito. Anne Teresa De Keersmaeker, coreógrafa belga, tem um minimalismo e um rigor associados a emoção que gosto muito. E ainda tive a sorte dela ser a convidada para a primeira Bienal em Lisboa, “Artista na Cidade”. E como gosto das coincidências, além dela ser geminiana, fundou sua Companhia da dança Rosas em 1983, ano em que nasci (risos).

Gosto imensamente de Pina Bausch. Ela tem uma frase clássica em que ela diz que “o que me interessa não é como as pessoas se movem, mas sim o que movem as pessoas”. Ela se interessava muito pelas histórias, pelas falas de cada um. Isso é uma coisa interessante para a gente pensar a dança, e pensar em como fazer dança.

Dançando sob múltiplas influências
Minhas influências vão além dos coreógrafos, das pessoas que fazem dança. Estão ligadas a leituras, fascínios, e a artistas de outras linguagens: Amedeo Modigliani, artista plástico italiano. Me fascina o feminino na obra dele, os traços, a ausência do olho como nós conhecemos, mas com um olhar de muita expressividade; Clarice Lispector pela introspecção, pela doação do interno no escrito; Pierre Aderne, conheci mais recentemente lá em Lisboa, pela delicadeza, pela música… mora em Portugal há alguns anos, morou no Brasil outros tantos e nasceu em França. Nele corre a brasilidade, o samba e a nordestinidade. Chico que é o maior, por tudo, pela genialidade, pela poesia, pelo feminino, pela obra política, que foi por onde eu comecei, foi onde eu me apaixonei por ele. Bethânia, pelo gestual e, para mim, como intérprete ela é completa, principalmente por seu corpo em cena e pelas suas mãos, que são lindas. Antônio Nóbrega pela mistura, pelo corpo tão livre. Cesaria Evora, que tem a africanidade que eu gosto tanto. Tem mais, mas independentemente da linguagem, minhas influências na dança passam literatura, pelas artes plásticas, e isso vem para o meu corpo e para minha dança.

DE QUE MANEIRA A DANÇA PODE COLABORAR COM O DESENVOLVIMENTO DO NOSSO CORPO?

A dança pode ser escolhida para variadas finalidades, e penso que, por caminhos diferentes, ela consegue nos atingir de forma bastante positiva. Se eu pensar a dança na escola, por exemplo, vejo-a como um lugar que contribuiria para que os alunos e alunas tivessem uma relação mais próxima com seus corpos, e ampliar o pensamento sobre o corpo. Além de estimular outras sensibilidades, a forma de pensar e agir sobre nossa realidade.

A DANÇA PODE SER UM INSTRUMENTO DE AUTOCONHECIMENTO?

Em Fragmentos de Choros e canções
Pode. Sempre! Eu posso compartilhar uma história. Quando se fala em solos, os meus são sempre muito pessoais, têm sempre essa carga extremamente pessoal, diferente dos trabalhos que eu fiz em grupo.

Uma vez eu ouvi de uma pessoa, de uma coreógrafa, que o teatro, o espetáculo, não substitui, não é lugar para psicologia, para você deitar ali seus problemas e resolvê-los. Mas eu acho que em toda criação sua, você traz isso.

Em alguns trabalhos isso aparece mais do que em outros. Mas por exemplo, em músicas, quando você vai estudar a história do compositor, tem histórias pessoais ali: da filha que se prostituiu, de uma traição... E nos meus solos existe assumidamente essa carga pessoal, porque, como diz Frida Kahlo: "Pinto a mim mesmo porque sou o assunto que conheço melhor". Então, o que eu mais conheço é a minha história. Então, tem sim! Isso já causou problema para mim, por conta da exposição, porque você termina não só se expondo, mas também expondo uma realidade - familiar ou amorosa, por exemplo.

Em Fragmentos de Choros e Canções, onde eu leio um trecho de um diário, meu pai me questionou: "Para que falar, trazer isso, para que essa exposição?". E lá fui eu tentar explicar (risos).

DEIXE UMA ORIENTAÇÃO OU CONSELHO PARA QUEM PRETENDE VIVER DA DANÇA

Para se manter de arte é preciso persistência e investimento - investimento de tempo, investimento financeiro. Se a pessoa pretende ficar numa realidade como a de Sergipe, por exemplo, existem alguns caminhos a seguir, como dar aula em academia, fazer concurso para o Município ou Estado, ou tentar Mestrado e Doutorado para ensinar em Universidade.

Uma pergunta que sempre me fizeram é: 'Ah, e dança dá dinheiro'? Depende de quanto se quer ganhar, não é? Talvez não seja o caminho mais rápido para se ganhar muito dinheiro, mas eu não me vejo fazendo uma coisa que eu não goste para ser mais fácil de obter retorno financeiro. Como eu sempre estive em envolvimento com a arte de um modo geral, para mim foi natural essa escolha, além de estar dentro de uma realidade em que tive todo apoio para isso, sempre tive, isso foi muito importante. É sempre um risco, mas eu acho que vale a pena. Quem dá a cara para fazer isso é porque gosta muito e sinto que o retorno vem diariamente.

QUANTOS E QUAIS FORAM OS NÚMEROS CRIADOS POR VOCÊ?

Renata no espetáculo "Gesto"
Dentro do Rosa Negra Grupo de Dança foram Gesto, baseado num trecho do discurso de Charles Chaplin em seu filme O Grande Ditador, e Canto Para Ela, baseado num pedaço da obra musical feminina de Chico Buarque. Tiveram também trabalhos menores, que eram produzidos para os festivais. Então, a gente trabalhou em cima da Ópera do Malandro, O Circo Místico... E os trabalhos em solo foram Fragmentos de Choros e Canções, que foi meu primeiro trabalho de conclusão de curso, dentro da Universidade Federal de Sergipe. Mares, que foi um trabalho dentro da matéria Composição Coreográfica; Por Entre Modigliani e Outras Intimidades, que foi no âmbito do Mestrado e Cordão, o que apresentei no Sarau da Caixa D'água.

FALE SOBRE O GRUPO DE DANÇA ROSA NEGRA

Dirigi o grupo por seis anos e foi uma experiência fantástica. O grupo passou por algumas formações até a última, onde éramos em cinco. Finalizamos em 2011. Tínhamos por base a busca por uma linguagem contemporânea.

No início passamos por muitos questionamentos e buscas de caminhos para o que se queria falar. Eram trabalhos curtos, ainda muito novos sobre o pensamento sobre dança, mas a cada trabalho sentia que se crescia num processo de construção artesanal, chegando aos dois maiores trabalhos nossos já citados.

Os temas articulavam-se com necessidades, identificações do grupo. Criávamos muito coletivamente e toda a produção era dividida entre as intérpretes.

VOCÊ DEFINE O SAMBA COMO SUA PRINCIPAL ESPECIALIDADE, OU ELE É APENAS O CARRO-CHEFE?

Renata sambando no "SARAU DO CORETO", na cidade de Simão Dias (SE), em 23.04.2016


O foco, não. O foco é a dança contemporânea e os modos de fazê-la, os modos de pesquisá-la; o que é que eu posso encontrar de movimento e o que é que eu posso trazer de fora para fazer esse cruzamento. O samba é um deles. O samba termina tomando uma proporção maior dentro dessa história porque as pessoas sabem dessa relação forte que tenho com o samba. A escolha [do número para apresentar no Sarau] tem a ver com a própria praticidade do trabalho, porque os outros exigem um piso e um cenário que dentro da estrutura do Sarau não é possível. E achei que seria um trabalho que proporcionaria uma empatia com o público, por conta da probabilidade de identificação do público com as músicas, com o ritmo, com os elementos cênicos. Eu não deixaria de apresentar outros trabalhos, mas seria complicado devido à estrutura do lugar. Mas o samba vai sempre estar presente. Estarei sempre buscando coisas dentro dele para trazer para a cena.


Além disso, preciso enfatizar minha relação com o forró, que é desde o nascimento e passa pela infância. Meu samba vai para o Rio, volta para o Nordeste, vai para o samba rasteiro, para o samba de coco, além do samba urbano carioca. Existe um enredamento, um cruzamento, vários caminhos que se deslocam para esses lugares. Assim amplio minha relação com o samba e reforço esse retorno à origem, à minha infância… que está presente sempre na minha vida, em especial nos meus aniversários, que é pertíssimo do São João, que por mais que eu tente colocar samba também para tocar, não dá, a vez é de Seu Luiz e companhia! (risos)

Outra coisa que é importante para mim é a relação com a dança Afro, com a africanidade, meu interesse em entender melhor esse universo e a religiosidade no Brasil. Por esse meu interesse e respeito, fui convidada por Michelle Pereira, minha amiga, irmã, bailarina e pesquisadora da cultura Afro, a escrever sobre a mulher negra para um solo dela chamado “Yalodê”, que foi interpretado pela outra queridíssima e grande bailarina Cleanis Maria. E mais recentemente estamos trabalhando em um duo, onde o tema é a relação de Iemanjá com as filhas dela. Um universo que me atrai, me enche os olhos e do qual tenho me aproximado de alguma forma. A dança, artisticamente, é lindíssima, a movimentação, o gestual, a simbologia, a vestimenta…

QUAL ESTILO VOCÊ ACHOU MAIS DIFÍCIL E QUE EXIGIU MAIS CONCENTRAÇÃO DE SUA PARTE?

Balé. O fato de eu ter começado tarde a praticá-lo de verdade, contribuiu para isso. Existe também toda uma complexidade e definição de passos. Mas tem outras duas coisas muito fortes: a identificação mesmo e questões minhas relacionadas à dança.

Renata no espetáculo "Gesto"

A busca de movimento e de liberdade me inquietavam e me estimulavam, e o balé tem os passos já estabelecidos. Eu respeito muito o balé e sua história, mas tem a questão da identificação - identificação pessoal, de corpo, e da própria ideia de dança e o pensamento sobre dança, o que quero com ela enquanto pesquisadora e criadora. Mas sempre procurei fazer aulas, as quais me ajudaram em muitas outras coisas.




FALE UM POUCO DESSE PROJETO QUE VOCÊ ESTÁ DESENVOLVENDO NO COLÉGIO SILVIO ROMERO. QUEM É QUE PODE PARTICIPAR DO MESMO?

Ainda não começou. Está na parte burocrática ainda. A ideia desse projeto fortaleceu-se a partir da culminância da Marcha da Consciência Negra no ano passado. Eu percebi um interesse muito grande de alguns alunos que fizeram parte da coreografia que eu produzi. O Projeto Contínuo de Pesquisa e Criação em Dança tem o intuito de ampliar o conhecimento sobre dança, corpo, discutir isso... Não é só para fazer coreografias e repetir movimentos.

Em alguns eventos do Colégio pede-se dança ou dramatizações, mas como fazer algo mais elaborado, se não se tem um suporte técnico-teórico para tal? A percepção do ensino/estudo de Arte ainda é embrionária, estranha e tratada como algo desnecessário para alguns.

O caminho é longo para ir sobrepondo a ideia da “dancinha” ou “qualquer desenho” fortalecida há anos dentro das escolas. Mas nem tudo é trágico (risos), tem muita gente que quer, que quer aprimorar ou conhecer.

O Projeto Consciência Negra me deu uma luz, com as constantes perguntas: "Professora, vai continuar?,Vai continuar dando aula? O que é que a gente vai fazer depois daqui?"

Eu já tinha interesse nisso, mas precisava saber se eu teria aderência dos alunos. E tudo se fortaleceu.

"Estações"
Eu sugeri que acontecesse no contraturno dos interessados – e é por inscrição, por quem chegar primeiro, pois, à princípio, não pensei em estabelecer qualquer tipo de critério para ingresso dos alunos, mas será um Projeto que não terá retorno em nota. Quem quiser participar e se dedicar a isso, não terá nota; terá um aprendizado para vida, para o dia a dia, se aproximará do seu corpo, estimulará sensibilidade, pensamentos crítico-reflexivos e mais.

Associado à parte prática, haverá também leituras e vídeos para discussões, desenhos e escritos. Tudo isso refletindo-se nas criações, mas sem se preocupar somente com datas comemorativas. Estaremos produzindo durante o ano, mas, ao mesmo tempo, eu quero que seja uma coisa muito cuidadosa, para não fazemos pensando apenas em datas comemorativas. Vai ter que ser melhor planejado, e feito à medida que o grupo esteja produzindo e preparado para isso.

HÁ INTENÇÃO DE TORNAR SEU TRABALHO COM A DANÇA ACESSÍVEL A ALUNOS DE OUTRAS INSTITUÇÕES OU PARA O PÚBLICO EM GERAL QUE QUEIRA APRENDER?

Quando um Projeto dá certo, a intenção é sempre ampliá-lo. Por enquanto, o foco é o Sílvio Romero, esperar começar e ver como as coisas se encaminharão. Torço muito para que dê certo e a ampliação é algo que naturalmente virá, caso tudo corra bem.

FALE UM POUCO DE SUA EXPERIÊNCIA COMO PROFESSORA DE DANÇA.

Bom, eu sempre fui professora da prática de dança, desde a Universidade, quando comecei no Projeto Laborarte, da Secretária Municipal de Educação. Mas é uma experiência que eu estou gostando muito. São muitas turmas - eu acho que isso é um problema -, [aula de] Arte é apenas uma vez na semana, nós temos 25 turmas... isso é um complicador porque não se consegue conhecer os alunos, estar mais perto deles, entende?

Interessa-me ouvi-los mais, questionar mais e fazer com que eles respondam também. São mais de setecentos alunos! Como é que eu vou chamá-los pelos nomes? Como é que eu posso conhecê-los? Isso me angustia, mas a atividade em sala de aula é desafiante e sempre enriquecedora para mim, pois acabo aprendo muito com eles também.

Historicamente, a prática sempre prevaleceu. Mas esta deve estar associada à Teoria. Você aprende a pintar, você aprende uma técnica. Mas falar de artistas, de produção, de vanguarda, discutir estética e o papel da Arte, sua existência em diálogo sempre com a construção das sociedades só com o conteúdo.

É um desafio diário. Causou estranhamento quando eu e quando Marcelo, que é o outro professor de Arte, chegamos com notas, passando provas e a ocorrência de algumas reprovações. Foi muito estranho tudo isso. Foi desenvolvida a ideia de Arte como uma matéria tola e de fácil aprovação. É preciso tempo para irem digerindo tudo isso. Mas é uma delícia estar em sala de aula.

É um trabalho que nunca é monótono, porque a cada sala que você entra encontra uma realidade muito diferente. As salas começam a ter características próprias, e você tem que aprender a lidar com cada uma delas o tempo todo. É preciso ser muito flexível! Dá muito trabalho, é muita coisa para corrigir, você tem que estar o tempo todo estudando para produzir para eles, mas é muito bom e muito divertido também.

QUAIS SÃO SEUS SONHOS EM RELAÇÃO À DANÇA?

Mais da performance de Renata no "Sarau do Coreto"

Eu tenho vontade de produzir muito em dança, de ter uma coisa relacionada à minha paixão, que é criação, coreografar. O envolvimento na escola me deixou muito mais pulsante em relação a isso, fazendo com que eu tirasse o foco um pouco de mim para me dedicar muito mais a eles, pensando além, e sugerir o projeto.

Então, eu posso dizer que um dos meus sonhos é que esse Projeto aconteça e funcione. Além de concluir meu Doutorado.

Conciliar a rotina do trabalho e criar uma logística para estudar, tanto para as aulas quanto para a tese, não é simples.

Então, esses são dois grandes focos, ou sonhos meus hoje em dia. Eu penso no que está mais próximo, que é o Doutorado e esse Projeto.

RENATA, POR QUE VOCÊ VEIO PARA LAGARTO?

Bom, eu nunca tinha vindo aqui. Eu estava em Lisboa quando as convocações começaram a acontecer, e Lagarto foi uma convocação por convite, já que minha DR de origem não é essa.

A partir do dia em que minhas aulas do Doutorado acabaram, já poderia voltar. Isso foi em julho de 2015. A primeira convocação foi para Lagarto, e arrisquei. Só sabia que era uma cidade mais desenvolvida...

Acho que eu fiz uma boa escolha (muitos risos). Eu tenho gostado muito daqui, da forma como as pessoas têm me acolhido, as pessoas que eu encontro no caminho, seja no caminho da padaria, da escola, no Sarau... Essa questão humana é fundamental para mim, associada a trabalhar no que gosto. Posso dizer que tem valido à pena. Ficam mexendo comigo, porque a ponte-aérea agora é Lisboa-Lagarto (risos).

RENATA, FALE DO SEU LADO ESCRITORA

A escrita existe desde muito nova. Ela vem como uma necessidade. O sofrimento me ajuda muito a escrever, a criar - mais do que o estado de felicidade.

Não necessariamente o trabalho vai ser sobre sofrimento, mas o estado de felicidade para mim é mais contemplativo do que um momento de criação. Mas um trabalho alegre pode vir, inclusive, do sofrimento, do meu estado de sofrimento. E a escrita veio desde sempre, desde a época da casa do meu avô, em que eu convivia com ele, escrevia meus poemas sobre amor – que hoje eu não consigo nem ler de novo (risos).

Cinza - alaranjado

A graça sem graça
Sem riso para rir
É questão de ir
sem graça sem riso
É questão de ficar
sem nada
Cheio de vazio
Sem nada de querer
Sem nada mais que ocupe
Sem nada a mais de pensar
Sem ninguém para amar
Cheio de perdão
Sem nada de revolta
Sem mais nada que pergunte
Sem nada a mais de resposta
Sem ninguém para pedir
Sem sentido
Cheio de desejo
Sem alcance
Cheio de esperança
Sem choro
Cheio de soluço
Sem ar
Cheio de voo

             20/08/13

MAS VOCÊ CHEGOU A PUBLICAR ALGUMA COISA?

Não, nunca! Já chegaram a me pedir para eu fazer por encomenda. Michelle é quem mais me provoca. Ela sugeriu que eu fizesse uma página no facebook para isso. Eu não queria de jeito nenhum. A minha pesquisa, toda a minha formação é em dança, que é onde eu me sinto mais segura. Então, o desenho para mim e a escrita são, na verdade, ousadias. Eu não tinha coragem de expor isso e ela, para me driblar, me encomendava e, então, “passava a ser” dela, e se aproveitava disso para pôr na página dela (risos).

O trabalho mais recente que ela me encomendou foi falar sobre a mulher negra, sobre ser uma mulher negra. É um texto que ela usa na dança (o nome do trabalho é Yalodê).



Yalodê 

Vim no balanço do mar 
Ao som de sua correnteza 
E pelas suas mãos destemidas. 
Vim no balanço do mar que embalou meu choro 
Vim no balanço do mar que ouviu minha dor 
Vim porque tenho braço forte 
Mais valia que qualquer choro ou qualquer dor
No meu corpo veio o que corrente não prende 
E o que chibata não corta 
No meu corpo está a voz do meu canto 
No meu corpo está o ritmo da minha música 
No meu corpo está a riqueza da minha dança 
No meu corpo veio o que corrente não prende 
E o que chibata não corta 

Sou coberta pelo manto negro 
Aquele que envolve o seio com o leite que foi alimento para o filho que não era meu 
Aquele que carrega histórias ancestrais que ninou as noites do filho que não era meu 
Aquele que acolheu como se fosse meu o filho que não meu 

Minha cor não é exótica, é a cor da minha cor 
Meu corpo não é objeto, é meu e para mim 
Minha beleza começa por dentro 
Meus traços são do meu povo 
E cada canto de mim tem a alegria que dele herdei 

Cada outro canto 
É canto de lágrima. 
Do olhar de canto cultivado pelo tempo 
Do silêncio imposto na voz deixada em qualquer canto 
Do encanto do gesto de amor proibido 
Cada outro canto é lágrima de desencanto 

Minhas mãos são inquietas para o trabalho 
Cuidadosas para o alimento 
Ternas para o amor 
Corajosas para buscar caminhos 
E firmes para negar. 

Quente como o fogo 
Que queima, aquece e ilumina 
Fresca como a água 
Que alivia, hidrata e inunda 
Forte como madeira 
Guerreira. 
Frágil como flor 
Sensível. 

Eu sou negra 
Meu sangue é de gente 
E minha cabeça é erguida. 

05/08/13

COMO É QUE VOCÊ ESCOLHE O REPERTÓRIO QUE SERÁ USADO EM DETERMINADO NÚMERO DE DANÇA?

Ah, isso tem que estar ligado ao conceito do trabalho, não é por preferência. Assim como a movimentação.

Tem um solo meu que não tem música. Eu comecei a fazer os laboratórios, as experimentações no estúdio, e ele foi se formando, acontecendo, e quando já estava fechado para ser apresentado eu me dei conta que não tinha trilha sonora. Foi uma experiência interessante dentro da área de pesquisa, dentro da estética contemporânea, não ter essa dependência da música para se dançar.

Foi interessante porque eu percebi que a música não me fez falta naquele momento - isso não quer dizer que todo trabalho meu agora venha a ser sem música. As necessidades vão surgindo.

COMO VOCÊ DECIDIU LEVAR AQUELAS MÚSICAS PARA O SARAU DA CAIXA D'ÁGUA?

As músicas já estavam dentro do trabalho, já faziam parte, não foi uma coisa "para" o Sarau. O trabalho "Cordão" envolve aquelas músicas. Quando eu conversei com Thalia (uma das organizadoras do Sarau da Caixa D'água) sobre o projeto, ela me disse que eu poderia me apresentar por quanto tempo eu quisesse - dez minutos, vinte minutos... até quarenta. Eu disse que meu trabalho tinha vinte minutos. "Cordão" traz aquelas músicas mais o texto.

Uso as músicas: Preciso me encontrar (Candeia), Samba da Benção (Baden Powel e Vinícius de Moraes), O Samba de Minha Terra (Dorival Caymmi), Batuque na Cozinha (João da Bahiana), Guerreira (João Nogueira e Paulo César Pinheiro), Morena Rosa (Dorival Caymmi). No início, na capela, a voz é de minha mãe.

Então, esse ambiente artístico, musical, literário e que envolve a escrita vem do ambiente de casa - eu escrevi muito, muito mesmo na mesa do meu avô, na biblioteca dele.

FALE DO MOMENTO EM QUE VOCÊ SE APRESENTOU NO SARAU DA CAIXA D’ÁGUA

Eu estava ansiosa, porque eu sabia que ia encarar um público eminentemente roqueiro. A banda que estava tocando antes de mim era de rock. Eu disse para mim: "meus Deus, está todo mundo de preto aqui, e eu vou entrar toda de branco dançando samba!". Eu estava bastante ansiosa com isso, preocupada, mas confesso que depois que eu entrei, subi ali no palco do Sarau, me senti extremamente à vontade. Aquele chão de cimento se transformou num palco de madeira flutuante – que é o piso específico que a gente tanto sonha para a dança, que deixa um espaço, uma folga entre o chão e a madeira. O público também estava à vontade, se chegou, assistiu... durante a apresentação eu consegui ouvir comentários de gente que estava perto de mim... (nesse momento eu lembrei a Renata que muita gente gritava: bonita!, linda! Tiveram até aqueles e aquelas mas afoitas que gritavam: gostosa! (risos e mais risos). Mas foi bom, foi uma delícia dançar ali. Eu estava preocupada com o espaço, com o som e com os fios – porque sempre tem bandas por trás. Mas tudo isso foi sublimado e foi ótimo!

E NO FINAL VOCÊ ESTAVA EMOCIONADA DEMAIS, NÃO É?

Foi, porque ali aconteceu uma sucessão de coisas. Primeiro aconteceu o espetáculo, o próprio "Cordão". Depois Karol, uma ex-aluna minha cantou uma coisa que foi escrita por mim e por ela, e que foi composta muito sem querer, na verdade. A gente conversa muito no WatsApp, e ela vez em quando manda um escrito curto. E nesse dia eu respondi dando continuidade ao trecho que ela tinha me enviado.

Ela, que gosta muito de cantar, colocou música e fez um sambinha “O Sal e o Doce”. Em seguida, outra ex-aluna, Heidy, fala um texto meu... E foi uma coisa atrás da outra... Um amigo meu tentou falar comigo e eu não conseguia: "olhe, não consigo falar agora!" (risos).

SUA MÃE ESTAVA ALI, NÃO ERA?

Minha mãe estava. Minha mãe é a típica mãe de bailarina. Minha mãe é muito mãe de bailarina - minha mãe e meu pai, na verdade. Meu pai carregava cenários com o carro dele. Uma vez fiz um cenário que eram 7 portas de madeira com rodinhas para um espetáculo. E era ele fazendo o transporte e dizendo: "Não me arrume mais isso, pelo amor de Deus! Você é doida!" (risos). E minha mãe com as roupas... com as costureiras... Ia para os espetáculos... Meu pai ia também, vestia camisa do grupo (muitos risos). Eles me apoiaram muito nisso. Sempre foram muito presentes na minha formação e na minha atuação como bailarina e como coreógrafa. Eles estiveram sempre muito presentes.


Agradecimento especial ao amigo Kiko Monteiro, por sua disposição em me acompanhar nesse desafio
Fotos: Eduardo Bastos
Fotos do arquivo particular da professora Renata Carvalho
Todas as poesias e todos os desenhos são de autoria de Renata Carvalho