quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016


À PROCURA POR EXPLICAÇÕES



                                                                                                                           Eduardo Bastos



Uma enorme expectativa envolvia a família no começo daquele ano. Logo no inicio do mês de janeiro os três irmãos entrariam em férias coletivas. Depois de um ano inteiro de muita correria e dedicação aos estudos, o filho mais velho vislumbrava passar de ano, quando então estaria livre da escola, e com folga para permanecer mais tempo em casa, desfrutando do privilégio de acordar um pouco mais tarde e de ouvir músicas com tranquilidade. 

Essas férias realmente prometiam, pois os irmãos poderiam se reunir com os amigos para jogar "Oito Maluco" por horas a fio, sem aquela preocupação com o horário. Os irmãos finalmente teriam tempo - um para colocar a leitura em dia  e prosseguir com as correções ortográficas do livro que pretendia publicar; outros para assistirem os últimos lançamentos em vídeo, pegarem uma corzinha na piscina, ou viajarem a qualquer dia da semana, sem compromisso com uma volta imediata. 

Seriam férias por demais divertidas se, de uma hora para outra, fatos sobrenaturais e inexplicáveis não começassem a acontecer, desnorteando a vida dos habitantes da casa, e tirando a graça de tudo que viesse a se fazer nos meses seguintes. 

E tudo teve início numa quarta-feira do mês de janeiro. 

Faltavam poucos minutos para as seis da tarde e, enquanto as mulheres preparavam a mesa para o jantar — afora a avó, que permanecia em frente à TV vendo sua novela —, os irmãos revezavam-se no único banheiro da casa. 

Eis que, de repente, um dos irmãos que passava por uma das salas notou algo estranho e de imediato alertou a família: 

— Pessoal, chegue aqui para ver uma coisa! 

Embaixo de uma das janelas que dava para uma rua lateral havia uma cruz de sal caprichosamente esculpida no ladrilho.

             Ilustração: Letícia Paz

Intrigados ante o aparecimento súbito daquilo, cada membro da família procurava argumentos de última hora, não apenas para convencer a si mesmo, mas principalmente para confortar os mais assustados. E a explicação mais tranquilizadora para aquele momento era dada pelos mais experientes: 

— Isso deve ser coisa dos moleques, a mando desse sujeito que tem o bar aí em frente! Não dizem na cidade que a mulher desse indivíduo é macumbeira, e vive a fazer “trabalhos” e “despachos” contra as pessoas? Motivos para querer o mal de nossa família ele deve ter de sobra. Afinal, não vivemos implicando contra os bêbados que frequentam o boteco aí em frente, e que ligam os sons dos seus carros a todo volume? 

Essas palavras tranquilizaram os moradores daquele lar apenas por uma noite. Às 6h da quinta-feira, quando as primeiras pessoas acordaram — a mãe para fazer o café e ir para o trabalho, e o avô para comprar o pão — depararam-se com algumas cruzes feitas com sal grosso e espalhadas por vários cantos da casa. 

Como explicar isso, se a casa tinha permanecido toda a noite fechada? Ruana e Moicano — os dois dobermanns da casa — eram cães bastante ariscos, que acordariam o quarteirão assim que pressentissem qualquer movimento estranho ao redor da residência. 

Se o sal encontrado pela manhã já fora suficiente para espalhar aquela sensação de mal-estar entre todos, um outro episódio, verificado na noite dessa mesma quinta-feira, acabou por espalhar mais pânico, principalmente entre as duas irmãs da casa, e deixou o avô e os irmãos por demais intrigados. 

Perto das 22h, as irmãs desligavam a TV e se preparavam para deitar, enquanto os irmãos arrumavam a mesa e os baralhos para iniciarem a sessão noturna do “Oito Maluco”. De uma hora para outra, uma queda brusca de energia deixou o mundo escuro feito breu. Nesse exato momento, um grito nervoso — que podia ser ouvido à longa distância — ecoou por toda a casa, levando todos ao desespero, e à ânsia de saber a razão daquela histeria repentina. 

A irmã mais velha só conseguiu revelar o motivo do choro nervoso e de sua aflição, depois de muitos pedidos de calma. E, a muito custo, finalmente ela conseguiu falar: 

— Um homem! Eu vi um homem esquisito dependurado ali no telhado, que olhava para mim de forma insistente!

                                          Ilustração: Murilo Araújo

A partir desse episódio, todos os dias alguém se deparava com porções de sal jogadas em algum lugar da casa. O intrigante nisso tudo é que o sal surgia do nada, e era atirado nas pessoas sempre com muita força, a qualquer hora do dia ou da noite. Era como se o arremessador estivesse com raiva dos seus alvos. 

Nessas ocasiões mil dúvidas e suposições passeavam pelas mentes dos integrantes da família. Mesmo o avô e a avó, que no passado tinham vivido uma experiência semelhante — ali mesmo, naquela cidade — pareciam atarantados e bastante incomodados. Até o avô, que sempre fora uma criatura discreta e introspectiva, não conseguia disfarçar sua cisma em relação ao que se passava. 

É natural que quando fatos que mexem com a subjetividade começam a acontecer, se levante suspeitas contra tudo e contra todos, na busca por uma explicação plausível. Mas, se por ventura houvesse um autor para o que estava se passando naquela casa, esse tinha que estar entre os membros da família. Entretanto, o que levaria alguém a promover um ato inconsequente como aquele? Será que naquele meio havia algum insano com disposição para causar tantos transtornos à própria família?! 

O fato é que, no íntimo, cada integrante da família procurava uma explicação que tivesse de acordo com suas convicções. Era preciso colocar o que estava acontecendo dentro de uma lógica, sem que isso significasse um rompimento com a consciência de cada um. 

O filho mais velho, por exemplo, num passado recente tivera contato com o pensamento materialista. Por conta disso, ele sempre demonstrou sua descrença em relação a qualquer tipo de manifestação sobrenatural. Para ele - o filho mais velho - há muito havia sido descartada a chance de vir a acreditar em reencarnação ou em alma do outro mundo. Mas o intrigante é que o episódio do aparecimento do sal era uma realidade, e acontecia com uma frequência impressionante, deixando todos abobados, e sem tino para formular uma explicação convincente e definitiva para o que acontecia no interior da casa. 

E tudo acontecia como se fosse  por capricho de uma força invisível. Sempre que algum integrante da família manifestava sua descrença no que se passava - zombando e exigindo uma prova concreta -, terminava por testemunhar uma das manifestações, a qualquer hora do dia ou da noite, nos lugares mais inesperados. Sendo assim, o sal podia atingir uma pessoa de forma isolada, da mesma forma que atingia um grupo de indivíduos que estivesse dentro de casa participando de uma refeição, de um jogo de cartas ou de outra atividade. 

Numa manhã, por exemplo, a mãe foi ao quarto de seus genitores apanhar uma peça de roupa. Assim que ela fechou a porta do guarda-roupa e se dirigia para uma sala vizinha, foi surpreendida por uma rajada de sal, que a atingiu em cheio na altura das costas. Assim que a mãe se restabeleceu do susto e chamou pela filha para varrer a sujeira (tarefa que a filha andava cansada de repetir naquela última semana), ambas se deram conta que havia mais sal que o imaginado, espalhado por cada canto, inclusive em maior quantidade embaixo da cama do casal.

        Ilustração: Letícia Paz

Uma noite, o filho mais velho chegava de uma viagem a Aracaju, e encontrou a avó e dois dos irmãos sentados tranquilamente no sofá, de onde acompanhavam as últimas notícias do “Jornal Nacional”. De um momento para o outro, uma agitação anormal na sala obrigou a todos a correrem para lá, no afã de ficarem a par do que estava acontecendo. E o que acontecia ali era que uma grande quantidade de sal, que parecia ter surgido do nada, ou de algum lugar da estante, acabava de atingir em cheio os ocupantes do sofá e da poltrona ao lado, inclusive um dos irmãos, justamente o que vinha se mostrando mais cético, o que desejava que o fato se passasse logo com ele, pois só assim seria possível para o mesmo vir a se converter ao time dos crentes. 

Esse episódio — entre os vários que se sucederam ao longo de um intervalo de tempo de um mês — foi marcante por dois motivos em particular. 

Em primeiro lugar, os habitantes da casa vinham percebendo que nos últimos dias os fatos aconteciam com muito menos frequência, havendo, pois, a esperança que o pesadelo tivesse fim de um momento para o outro, como que num passe de mágica. O que aconteceu essa noite, no entanto, parecia trazer consigo a premunição de que o sal continuaria a aparecer, espalhando dúvidas e semeando o desconforto entre os membros da família. 

Em segundo lugar, porque um dos irmãos que fora atingido pelo sal essa noite simplesmente caiu numa crise nervosa incontrolável. Sem segurar as lágrimas que vertiam em profusão, ele voltou seu desabafo contra o irmão mais velho — irmão esse que insistia em manter-se cético, apesar da sucessão dos fatos —, e debulhou em cima desse um verdadeiro sermão: 

— É preciso que você acredite no que está acontecendo aqui! É preciso haver mais união dentro dessa casa! A gente tem que ter fé, voltar a ir à igreja e rezar muito. Só assim será possível pôr fim em tudo de mal que está acontecendo aqui dentro! 

O filho mais velho sentia como ninguém o que se passava. Ele tinha consciência que fatos sem explicações como aqueles só contribuíam para trazer desconforto e desgaste  emocional, principalmente para a mãe, o avô e a avó. E, para o filho mais velho, nada existia de pior que a sensação de perceber que seus entes queridos estavam a viver em desassossego dentro do próprio lar.

Àquela altura dos acontecimentos, para o filho mais velho, acreditar ou não acreditar eram sentimentos que não faziam a menor diferença. Como todos, ele vinha, não apenas testemunhando os fatos no dia-a-dia, mas muitas vezes  acabava por ser atingido diretamente por uma daquelas manifestações inexplicáveis. No íntimo, ele desejava, tão somente, é que alguém surgisse em cena com uma explicação lógica e plausível, capaz de pôr fim a sua inquietude interior. Para ele era imprescindível, por exemplo, que houvesse uma explicação convincente para o que se passou num domingo de janeiro. 

No início da tarde desse dia, a casa estava praticamente deserta. Enquanto o avô cochilava na rede do quintal, o filho mais velho escrevia um texto na máquina colocada na mesa da sala, e a mãe — com a filha mais nova deitada com a cabeça em seu colo — assistia ao programa dominical da TV numa outra sala. O choro repentino da filha mais nova obrigou a que todos corressem para a sala, para constatar algo mais do que previsível: tinha caído sal grosso no sofá, em quantidade mais que suficiente para cobrir mãe e filha com o produto, sem que, no entanto, fosse possível determinar sua origem.

        Ilustração: Letícia Paz

Fazer o quê? O fato estava tornando-se tão comum que, logo após uma manifestação dessas, as pessoas voltavam aos seus afazeres com a naturalidade que lhes era possível. Assim sendo, o filho mais velho voltou ao que fazia antes de correr às pressas à sala de TV, e mãe e filha voltaram a acompanhar as atrações televisivas. 

Mas, nessa tarde, o filho mais velho não pôde ficar debruçado sobre sua tarefa por muito tempo. Nem ao menos uma hora havia se passado depois do último acontecimento, uma fileira de sal grosso despencou do telhado, se estendendo de uma sala à outra, numa extensão de mais de dez metros. 

Nessa mesma semana o filho mais velho foi surpreendido por outra manifestação fora do comum. Dessa vez, o que causou mais estranheza foram as circunstâncias e o momento em que o fato aconteceu. 

Passava das 18h quando o filho mais velho chegou em casa. Após pegar uma revista  em seu quarto, ele dirigiu-se à mesa da sala, onde costumava ficar lendo, até ser chamado pela mãe — que a essa altura terminava de arrumar a mesa para o jantar. Absorvido com a leitura, o filho mais velho arrepiou-se dos pés à cabeça ao ser atingido por uma nuvem de sal, que caiu sobre a mesa e sobre si, trazida como que pela força de um vendaval. 

Por esses dias ainda, um dos irmãos foi despertado pela manhã de uma forma bastante incomum. Ele dormia de bruços no momento em que uma rajada de sal o atingiu nas costas, fazendo-o despertar numa hora imprópria demais para um sujeito que estava gozando férias. E, o mais estranho nesse caso, foi a constatação do irmão, de que o mosquiteiro permanecia preso na cama, da mesma forma como fora colocado na noite anterior. Estava descartado, portanto, qualquer possibilidade de alguém ter erguido o anteparo, com a finalidade de atingir, da forma que atingiu, o ocupante da cama.

Esse mesmo irmão, em um dia qualquer, acordou com disposição para dar uma mão de hidracor na cozinha, que estava com suas paredes manchadas pela mistura de fumaça e óleo de comida. O pintor até que conseguiu fazer seu trabalho até o final, mas é lógico que ele, mesmo no alto da escada, a toda hora era atingido por uma porção de sal grosso caída do telhado - sal esse que era derramado sobre o pintor como se fosse produto de uma vingança pela mudança que o mesmo fazia naquele ambiente da casa. 

É lógico que não era apenas nos momentos de trabalho que alguém era perturbado por uma das manifestações inconsequentes. Mesmo nos momentos de lazer com os amigos, tinha se tornado bastante comum suspender-se uma partida de cartas porque o ambiente em que os jogadores encontravam-se reunidos fora tomado abruptamente por um punhado de sal grosso. (Nesses momentos, simplesmente  limpava-se a mesa e voltava-se ao jogo com brincadeiras em forma de súplicas, para que aquilo não se repetisse, pelo menos durante aquela sessão de "Oito Maluco”!). 

Pior que isso. Uma tarde estava toda a galera reunida em torno da mesa para mais algumas partidas. Passava das três horas da tarde quando uma colega de trabalho da mãe chegou para fazer-lhe uma visita. As duas mulheres deixaram na sala os rapazes — os irmãos, o namorado da irmã e mais um irmão que fora criado pela tia —, e foram à cozinha, para que a visita tomasse um cafezinho enquanto as duas batiam papo. Um punhado de sal atingiu a visita na altura do rosto, antes que a mesma tivesse tempo de ingerir seu terceiro gole de café. É lógico que, sem conhecimento do que vinha acontecendo no interior daquela casa nos últimos dias, a visita quis acreditar que aquilo tinha sido obra de uma brincadeira de mau gosto do namorado da irmã.

             Ilustração: Letícia Paz

De outra feita, uma tia (a mesma que, ao ouvir os relatos, dizia ser igual a São Tomé: “só vendo para crer” ) chegou de Lagarto acompanhado do marido e das filhas para visitar os seus. Nessa tarde ela pôde certificar-se que os fatos estranhos não eram obra da imaginação dos parentes. No instante em que ela, a mãe, o marido e a irmã conversavam na cozinha, a cena do sal voltou a se repetir tal qual acontecia em presença de outras pessoas. 

Bem, nem seria preciso dizer que o fenômeno se repetiu por dezenas de vezes, sendo testemunhado por todo o pessoal da casa. Transcorridas algumas semanas desde o início daquela manifestação estranha, dois dos irmãos — um dos quais aquele que deitara um sermão no irmão mais velho, e que se deixava impressionar com facilidade — acharam por bem procurar um grupo de espíritas que se reúne dois dias por semana na cidade de Lagarto. Após ouvir o que se passava, um dos membros do grupo disse possuir uma explicação para o que se passava. Segundo ele, tempos atrás residira um jovem na casa que se envolveu num grande acidente automobilístico, e que veio a falecer antes de ter chegado seu tempo. Agora, esse jovem identificara, entre os moradores daquela casa, uma pessoa que possuía poderes paranormais, com quem ele intencionava entrar em contato para fazer-lhe um pedido. O espírita disse ainda que esse contato estava sendo difícil, pelo fato de na casa existir uma pessoa descrente. O espírita se despediu dos seus consultantes falando do seu interesse em visitar a casa, acompanhado de outros integrantes do grupo, para juntos fazerem uma corrente de orações e de pensamentos positivo. 

Mas, já que a visita dos espíritas tinha ficado apenas numa vaga promessa, e que o fenômeno continuava se repetindo, agora com uma frequência irritante, um dos irmãos foi à procura de um rezador — um desses velhinhos que diz ter orações para tudo: olhado, dor de dente, dor de cabeça, espinhela caída... etc. 

Bastante humilde, mais com a confiança de quem já solucionou os casos mais difíceis com o poder de suas rezas, o velhinho prometeu ir até a casa, assim que lhe sobrasse tempo para isso. 

O velhinho cumpriu o combinado e perto das 10h de uma quarta-feira ele chegou a casa, e foi logo pedindo e ouvindo mais detalhes sobre o que estava acontecendo ali. Assim que se deu por satisfeito com o interrogatório, ele começou a se concentrar, enquanto distribuía sobre a mesa as velas, os santinhos e outros objetos que trouxera consigo para compor seu ambiente de ritual. Mal o velhinho havia iniciado suas orações — sob os olhares curiosos dos que estavam em casa —, quando foi pego de surpresa por uma grande rajada de sal, que encheu tanto a mesa, quanto a sala onde se realizava o ritual. Ainda sob o efeito do susto, o velhinho agiu rápido, catou seus pertences em cima da mesa, e tomou a direção da porta da rua, não sem antes sintetizar para o dono da casa tudo que estava sentindo: “Meu amigo, o que está acontecendo nessa casa é mais forte do que eu e do que minhas orações.” 

      Ilustração: Letícia Paz

A repetição diária do fenômeno acima descrito e a carga de mistério nele contido, deixavam poucas saídas para a família. Podia-se simplesmente banalizar o fato, fechar os olhos ao que estava acontecendo, alimentando a esperança que de um dia para o outro tudo terminasse como começou. Havia ainda a alternativa de a família vir a trocar de casa, relegando ao esquecimento todo o pesadelo vivido no último mês. Mas, será que a simples troca de residência seria a solução? E se o que estava acontecendo não tivesse qualquer relação com a casa em si, mas sim com uma pessoa em particular? 

Essas dúvidas pairaram nas mentes dos membros da família por cerca de uma semana. E foi a mãe quem se encarregou de dar o veredicto final sobre o assunto: 

— Olha, essa casa não é nossa, e nós estamos vivendo aqui sendo constantemente atormentados, antes pelo barulho do bar aí em frente; agora também por esse problema que surgiu há pouco mais de um mês. Nós já mudamos tanto ao longo de nossas vidas, que agora não custa nada procurarmos um lugar mais sossegado, que garanta a todos nós um pouco de tranquilidade, principalmente para aqueles que trabalharam a vida inteira, e que agora têm direito ao descanso e à paz. 

Uma semana foi o tempo suficiente para se alugar uma nova casa e para se providenciar a mudança. Um fato curioso a se registrar é que, na hora de retirar os móveis, o sal caía por sobre as cabeças das pessoas com uma persistência e profusão admirável. Era como se aquela manifestação marcasse uma despedida - despedida, aliás, com ares macabro, assustador,  arrepiante, inexplicável!



Agradecimento especial à Letícia Paz e Murilo Araujo, que aceitaram o desafio de ilustrar esse meu texto.
Agradeço ainda ao amigo Kiko Monteiro que se empenhou para que esse texto recebesse ilustrações.