segunda-feira, 29 de outubro de 2012

SÃO CRISTÓVÃO PRECISA QUE SUA POPULAÇÃO TENHA CONSCIÊNCIA DO VALOR DO SEU PATRIMÔNIO

São Cristóvão é um município brasileiro do estado de Sergipe, localizado na Região Metropolitana de Aracaju. Limita-se com os municípios de Aracaju a leste, Nossa Senhora do Socorro e Laranjeiras ao norte, e Itaporanga d'Ajuda a oeste e sul.

Foi a primeira capital de Sergipe, até a transferência para Aracaju em 17 de março de 1855. E tem o título de quarta cidade mais antiga do Brasil.

Capital da província de Sergipe até meados do século XIX, São Cristóvão guarda, da fase colonial, alguns edifícios históricos e tradições, como as romarias e as festas religiosas. A festa de Nosso Senhor dos Passos, por exemplo, atrai fiéis de vários estados do Brasil.

Cidade histórica do estado de Sergipe, considerada monumento nacional, São Cristóvão situa-se ao norte do estuário do rio Vaza-Barris, no litoral sergipano. Tem 47 metros de altitude e dista 26 km de Aracaju, a atual capital.

A paisagem urbana de São Cristóvão integra a topografia acidentada do morro da Cidade Alta com a Cidade Baixa à beira do rio Paramopama. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/S%C3%A3o_Crist%C3%B3v%C3%A3o_%28Sergipe%29).

Qualquer um que visite a cidade de São Cristóvão chegará facilmente à conclusão que trata-se de uma cidade que reúne um patrimônio arquitetônico e histórico que bem merece figurar como patrimônio da humanidade. Entretanto, nos diálogos que se tem com os habitantes do lugar, incluído ai pessoas com um bom nível de cultura, a conclusão que se chega é que eles não se dão conta da importância dos prédios e acervo ali reunidos. O que se constata ainda é a falta de compromisso, das administrações que se sucederam no poder ao longo do tempo, para com a preservação de igreja e prédios antigos.

Nos dias atuais, faltam iniciativas dos poderes constituídos no sentido de dotaram a cidade de uma infraestrutura mínima (como hotéis, pousadas, bares e restaurantes), capaz de atender às demandas dos visitantes, e com isso captar recursos junto aos turistas que todos os dias visitam a São Cristóvão, em pró do próprio desenvolvimento da cidade.

Não obstante os problemas verificados, o contato com o patrimônio arquitetônico de São Cristóvão se constituiu numa experiência enriquecedora, uma vez que possibilita a compreensão, inclusive, da forma de viver socialmente dos extratos sociais que habitaram a capitania de Sergipe desde a chegada de Cristóvão de Barros às terras sergipanas. 


O Museu de Arte Sacra, localizado na Praça São Francisco, suspendeu recentemente o acesso à visitação pública. A decisão é triste, pois esse museu tem uma importância incomparável para a história e a cultura, sendo a referência de arte colonial que temos em Sergipe. Ele ainda é referência na América latina no quesito acervo.







A partir de 2002, o Lar Imaculada Conceição passou a funcionar em regime de semi-internato, acolhendo meninas entre 7 a 14 anos, que são encaminhadas pelo conselho tutelar. Anteriormente esses menores viviam nas ruas, sujeitas a todo tipo de agressões. No orfanato essas meninas têm direito a cinco refeições diárias, cursam o ensino fundamental na parte da manhã e, à tarde, recebem formação humana/espiritual, reforço escolar, trabalhos artesanais, cultivo de hortas e atividades físicas.


Na Igreja Nossa Senhora dos pretos pode-se ter um encontro agradável com a Irmã Caridade da Fonseca e Matos, que, além de falar sobre a Igreja, mostra-se mais à vontade ainda quando passa a contar histórias sobre os grupos folclóricos da cidade por ela dirigidos.






 A Igreja de Nosso Senhor dos Passos se encontra em reforma, mas, numa visita rápida de inspeção à Igreja anexa é possível apreciar a beleza do trabalho de restauração da pintura do teto.









O Cristo de São Cristóvão se encontra rodeado de mato e de lixo. Quem visita o local, se arrisca a ser assaltado pelos marginais que passam o dia rodeando o local em motos que lhes garantem fuga fácil.

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

O MAX É UM MANANCIAL DE CONHECIMENTOS





O Museu de Arqueologia de Xingó (MAX), da Universidade Federal de Sergipe (UFS), está localizado no município de Canindé do São Francisco, estado de Sergipe, e foi criado no ano 2000 com a missão de pesquisar, preservar e expor o patrimônio arqueológico de Xingó.

A partir de 1988, com o início dos trabalhos de construção da Usina Hidrelétrica de Xingó, foi desenvolvido pela UFS, com apoio da Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), projeto de salvamento arqueológico na área que seria inundada pelo reservatório da nova usina, o que permitiu identificar a existência de uma cultura xingoana na região, há pelo menos 9.000 anos atrás.

O acervo museológico da instituição é formado por mais de 50.000 peças e vestígios e está apresentado em uma exposição humanizada, na qual são destacadas todas as etapas de elaboração dos artefatos pré-históricos, compreendendo práticas humanas e procedimentos técnicos que o homem fez uso para se estabelecer na região. 

Cerâmica encontrada na região
 Numa visita ao Museu Arqueológico de Xingó (MAX) é possível se adquirir inúmeros conhecimentos, através da observação in loco de vestígios (peças, fragmentos e cerâmicas, instrumentos líticos, etc.), e de outras representações que traduzem com fidelidade a forma de vida e as características comportamentais de um homem pré-histórico que viveu em uma região específica de Sergipe, e em sítios localizados em Estados que fazem fronteiras com o nosso.  

Em Xingó o rio sempre foi importante
Através da exposição verbal de um guia no MAX, e da leitura de placas informativas espalhadas por todo interior do museu, é possível assimilar conhecimentos como idade em que os primeiros grupos se instalaram em Xingó, fauna e flora local, atividades relacionadas à sobrevivência, importância do rio São Francisco e outros aspectos que dizem respeito a todo contexto do homem que habitou a região na época. Fica-se sabendo ainda sobre peculiaridades relacionadas à linguagem humana da época, sobre técnicas empregadas em pinturas e em cenas retratadas. 
No que se refere a artesanato, conhece-se a técnica empregada na época para a transformação da matéria prima em utilidades - algumas devidamente representadas por exemplares encontrados no Baixo São Francisco. 

A pedra como principal ferramenta
Com relação à pedra, as informações dão conta das técnicas empregadas por diferentes grupos, como forma de transforme-la em ferramenta especifica a atendimento de necessidades pontuais. Há ainda objetos que provam a substituição de culturas em Xingó, e outros que revelam hábitos que perduraram no tempo. 



Rituais funerários



Os rituais funerários, também representados no museu de Xingo, mostram uma peculiaridade do homem pré-histórico: sua preocupação em perpetuar sua condição de vida. 




Em Xingó, a prática de salvamento foi utilizada em decorrência da construção da usina hidrelétrica. Na época, foram feitos levantamentos e mapeamentos nos sítios das áreas de terraço e abrigos próximos ao rio São Francisco e seus afluentes, nos limites dos Estados de Sergipe, Alagoas e Bahia. Além dos sítios de registro gráficos, foram localizados e sondados ainda numerosos sítios a céu aberto, com destaque para duas escavações completas: os sítios Justino e São José Il. Tais levantamentos serviram para o avanço das análises dos vestígios e dos contextos arqueológicos, o que garantiu um estudo dos sistemas socioculturais. 

Pintura na rocha
Em Xingó foram descobertos vários sítios, inclusive perto do local onde se localiza a usina hidrelétrica. Em quatro desses sítios, escavados em 1985, fora encontradas pinturas rupestres feitas com ocre (argila colorida por óxido de ferro de várias tonalidades pardacentas). Os sítios de Xingó, onde foram encontrados registros gráficos, estão localizados em matacões situados no platô e em paredões rochosos nos afluentes do rio São Francisco. Predominam os grafismos geométricos. Poucas são as cenas que constituem conjuntos correlacionados às atividades humanas do cotidiano. Os exemplares de grafismos figurativos são antropomórficos e zoomórficos. 

De acordo com amostras vistas no MAX, os principais artefatos encontrados em Xingó - como raspadores e afiadores - foram fabricados a partir da pedra, devido a sua resistência e durabilidade. Os artefatos líticos encontrados nessa localidade são de caçadores-coletores e têm datação de nove mil anos atrás. As matérias primas mais utilizadas compreendiam o quartzo, o sílex, o arenito e o arenito silicificado. 

O conjunto cerâmico de Xingó, presente num período entre 5570 a 1280 anos antes do presente, constitui um dos maiores acervos associados a ritos funerários na pré-história nordestina. Esses artefatos apresentam superfície alisada ou decorada e, entre estas, a cerâmica pintada, presente nos níveis mais superficiais, em geral nas cores vermelha e branca, denotando a substituição de culturas, possivelmente a presença tupi-guarani na região. Foram encontrados também trabalhos feitos em argila e cachimbos, o que dá a entender que já nessa época eles praticavam o habito do fumo. 


Quando morria, o homem de Xingó era enterrado com objetos - como colares, prendedores de cabelo e braceletes; cada objeto simbolizava o que cada um tinha sido em sua vida terrena. 

        
 Xingó nos ensina que o caminho das pedras, para regatar a historia de uma geração, passa pela compreensão do ambiente em que esse homem viveu; da maneira como ele labutou para garantir seu sustentou; das ferramentas que modelou para facilitar sua investida contra a natureza; das pinturas e desenhos que fez para retratar desejos e emoções; das expressões corporais e faciais que representou para se manifestar diante de seus pares; dos objetos que projetou para colocar seu sustento à prova do fogo; dos enfeites que trançou para se apresentar mais bonito diante dos seus; dos hábitos que tinha para amenizar as agruras do cotidiano; e, finalmente, dos adereços que levou para o túmulo, com prova do status social que gozou quando em vida. 

Os ensinamentos apreendidos em Xingó servem de alento e apontam para novos desafios. Se a geração do presente pode se considerar privilegiada, pois pode contar com acervos que ajudam a reconstituir o passado e a entender melhor o presente, resta aos futuros profissionais da Historia e da Geologia - que em breve serão convocados a dar a palavra final sobre a história - assumirem o compromisso de serem guardiões de uma memória que despertará, nas gerações que virão, sentimentos iguais aos que dominam os que figuram como visitantes de Xingó no presente.


terça-feira, 16 de outubro de 2012

PEDRA DA ARARA - Aqui a natureza dá o espetáculo






A população de lagarto sempre se ressentiu da falta de áreas de lazer, e de outros locais propícios ao ecoturismo. Poucos são os habitantes de nosso município que se dão conta de que Lagarto possui lugares como o Sabueiro e a Pedra da Arara. E muito mais raro ainda é encontrar pessoas que se interessam em visitar esses locais para testemunhar o quanto a natureza é capaz de esculpir obras de beleza inigualável.

Paredão que abriga também as araras que dão nome ao lugar


Dia 20 de abril de 2012 aconteceu minha segunda visita à Pedra da Arara, junto com um grupo de amigos. Na ocasião, fiquei sabendo que o lugar recebeu essa denominação devido às aves do mesmo nome, que enchem com seus gritos toda a extensão do rio Vaza-barris, e que podem ser vistas nos ninhos e locais de moradia que as mesmas constroem nas fendas abertas nos paredões.




Em araras a vegetção é nativa

A Pedra da Arara tem a forma de um grande cânion, está localizado a cerca de 27 km da cidade de Lagarto, e marca a divisa entre Lagarto e Macambira. O grande paredão que margeia o rio Vaza-Barris (lado esquerdo para quem chaga de Lagarto, e lado direito para quem retorna à cidade) se constitui numa obra natural de feição notável, esculpida durante milhares de anos, a partir da ação das chuvas, do correr das águas do rio, da inclemência do sol causticante, do soprar dos ventos, e do trânsito ininterrupto dos animais.


A Pedra da Arara se constitui numa área de patrimônio biológico de exuberância sem igual. A região é campo fértil à promoção de estudos e pesquisas, que tenham não apenas o proposito de gerar conhecimento, mas também de contribuir para proteção dos afluentes, da fauna e flora da região. 

Uma das inúmeras piscinas naturais do lugar
Vale a pena visitar a Pedra da Arara! As estradas que dão acesso ao lugar são esburacadas, sinuosas e traiçoeiras, denunciando que o poder público do nosso município em nenhum momento se preocupou com a região. Não obstante, toda a aventura de se chegar e de se sair da Pedra da Arara (atravessando quatro vezes por dentro do Vaza-barris – inclusive com água na altura do peito em duas das quatro travessias), acaba sendo compensada com um mergulho em uma das piscinas naturais existentes ao longo do rio. Nesse momento o corpo relaxa, a mente vagueia e somos confrontados com nossa pequenez diante da grande obra esculpida pela mãe natureza.




Fotos e texto de Eduardo Bastos
Colaborador: José Santana


sábado, 13 de outubro de 2012

O XOCÓ PRECISA DE RECONHECIMENTO



O único grupo indígena encontrado atualmente em Sergipe é o Xocó. Esse grupo vive na Ilha de São Pedro e na Caiçara, na região do baixo São Francisco, pertencente ao município de Porto da Folha. Os Xocós são remanescentes de vários outros grupos indígenas, que devido a fatores como a escravidão e a crescente miscigenação ocorridas nos séculos passados, foram aos poucos perdendo as características culturais e fenotípicas de seus grupos de origem. A luta pela terra entre índios e alguns fazendeiros da região foi uma questão estruturante na história desse povo, tendo sido resolvida a favor dos índios apenas no final do século XX. Os Xocós haviam sido expulsos de suas terras com base na alegação de que, devido à miscigenação, não eram mais índios. Este fator se mostra decisivo no entendimento do modo de vida atual deste grupo indígena, que luta por preservar a identidade, a cultura e as tradições indígenas, em que pese o fato de, no nível do fenótipo, os Xocós se apresentarem em sua maioria como negros ou mulatos.

Dia 28 de maio de 2006 eu, junto com os demais integrantes do segundo período do Curso de Licenciatura em História, da Faculdade José Augusto Vieira, estive em visita aos Xocós. Todas as atividades estiveram sob a coordenação do professor Vladimir Dantas, responsável pela disciplina Antropologia, e tinham por objetivo levar os alunos a manter contato com a forma de vida e a cultura dos índios supracitados.

Tototós nos conduz ao longo do Velho Chico
Depois de navegar por quase uma hora nas águas do rio São Francisco em duas embarcações tototós, nossa turma chegou à comunidade dos Xocós por volta das 11h e foi conduzida à escola local - que tem por nome Dom José Brandão de Castro -, onde foi recepciona com uma dança protagonizada pelos indígenas. Com o fim do ritual, nossa turma foi convidada a se acomodar em cadeiras postas ao redor do grupo de indígenas, que logo se colocou à disposição dos visitantes para responder questionamentos e dúvidas a respeito da vida e cultura da comunidade.


Raimundo é o membro mais velho da Tribo
Como membro mais velho da tribo e, na ausência do chefe dos Xocós, o índio Raimundo colocou-se como porta-voz do seu grupo. Indagado como era realizado o processo de escolha do chefe da tribo, Raimundo respondeu que o cacique era escolhido em primeiro lugar por Deus; em seguida por seu destaque dentro da comunidade e, finalmente, por sua capacidade em liderar e resolver problemas do grupo. O ancião dos Xocós esclareceu que a função do cacique era cuidar das ervas, visitar os doentes, ser pai e padre. O cacique é, segundo o índio Raimundo, aquele que dá o exemplo.

Fomos recepcionados com a Dança
Falando sobre seu povo, nosso principal interlocutor disse que durante 100 anos a história dos índios que ali habitavam foi sufocada pelo homem branco, que, além de roubar a terra, interferiu na língua, costumes e tradições dos indígenas. Segundo Raimundo, hoje os índios de sua comunidade se preocupam não só em manter as tradições, mas também em recuperar os costumes. Perguntado também sobre a importância do ritual secreto que eles costumam realizar, Raimundo respondeu com evasivas, dizendo ser essa a maneira de os índios manterem as tradições do passado.

O Xocó clama por reconhecimento
Questionado sobre a forma de sobrevivência econômica dos Xocós, Raimundo disse que há inúmeras pessoas que ajudam a Ilha de São Pedro, com destaque para religiosos como Dom José Brandão de Castro e Frei Enoque. Em relação à participação política dos Xocós, Raimundo esclareceu que eles exercem a cidadania, pois podem votar. Raimundo se queixa, entretanto, do fato de o homem branco não reconhecer os índios de sua tribo como gente. Ele revela que os políticos só visitam a ilha no tempo de eleição, interessados unicamente no voto indígena, e em nada mais.

Respondendo a indagações dos visitantes, o índio Raimundo e um dos “guerreiros” reconheceram que há brancos vivendo entre os Xocós, mas que eles não são bem aceitos pelo grupo. Raimundo esclareceu que só pode ser considerado Xocó, e participar dos rituais desse povo indígena, aquele traz o sangue xocó nas veias. Numa espécie de desabafo, o mais idoso entre os Xocós disse já ter trabalhado muito para os brancos, mas que hoje se dedica a trabalhos do próprio grupo, visando o crescimento do seu povo e o resgate de parte dos costumes retirados pelos brancos.

Só é Xocó quem participa dos rituais
Referindo-se à educação letrada do seu povo, o índio que falava pelo grupo disse que o estudo é importante, mas que também é importante que o índio jamais abandone sua terra, sua origem e raízes. Um dos “guerreiros” se pronunciou, para dizer que um dos objetivos do grupo no momento é formar educadores entre os próprios Xocós para educar seu povo. Segundo ainda o “guerreiro”, na medida que o povo for educado por um membro da comunidade, haverá uma maior valorização dos hábitos e costumes dos Xocós.

Quando perguntado sobre os meios de sobrevivência econômica do grupo, Raimundo disse que seu povo vive da agricultura (eles plantam feijão e milho) e da pesca. As tarefas geralmente costumam ser divididas entre os membros da comunidade, sem que isso traga problemas para o grupo. Enquanto uns se ocupam da agricultura, outros estão no rio; as mulheres realizam as tarefas domésticas. Não obstante cada família possuir sua roça, todos se ajudam mutuamente.

Os Xocós têm religião e praticam crenças religiosas. Não obstante, o grupo disse que seus rituais não podem ser revelados, por ser algo próprio deles. Dentre as danças características também dos Xocós, eles destacam o toré, que é praticada numa cerimônia secreta, e que, segundo os índios, pode ser compreendida como uma demonstração de respeito e devoção aos seus antepassados.

Uma visita aos Xocós se constitui num evento de fundamental importância, seja por proporcionar a chance de entrar-se em contato com a mais nova geração de um povo que fez e faz história em nosso Estado, seja por permitir a desmistificação de uma série de lendas em relação a esse povo que habita uma porção estratégica das terras de Sergipe, ou ainda por proporcionar a apreensão de conhecimentos que são específicos do cotidiano dos Xocós, e que, portanto, não podem ser encontrados na literatura oficial escrita sobre eles. Quem visita os Xocós tem a chance não só de conhecer melhor a vida desses indígenas, mas acaba sendo levando a refletir sobre o quão é oportuno cada um abraçar para si a tarefa de ser guardião voluntário das memórias desse povo.


Texto e fotos de Eduardo Bastos

sábado, 6 de outubro de 2012

Luiz Gonzaga - O REI DO BAIÃO



Quando eu era criança junto com meus irmãos, cansávamos de testemunhar Seu José, nosso avô querido, se emocionar todas as vezes que ouvia Luis Gonzaga cantar uma canção no rádio de vâlvula lá de casa. O gosto musical do nosso avô ficou impregnado em seus netos como uma marca indelével. Sempre fomos fãs incondicionais do velho Lua, e nossos São Joãos sempre fora embalalados pelas canções do Rei do Baião.

Nesse ano de 2012 estou tendo o privilégio de acompanhar boa parte das homenagens pela passagem dos 100 anos do nascimento de Luiz Gonzaga. Lagarto, a cidade onde moro, foi contemplada com a realização do Seminário A CONTRIBUIÇÃO DE LUIZ GONZAGA NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE CULTURAL DO POVO SERGIPANO.

O evento em questão aconteceu dia 05 de setembro de 2012, na sede do Sindicato dos professores de Lagarto (Sub-sede centro-sul do SINTESE), e teve apoio da Deputada Ana Lucia, através do projeto de Lei 7.384, que instituiu o ano de 2012 como o "Ano Cultural Luiz Gonzaga em Sergipe".

Na ocasião, boa parte da trajetória de vida de Luis Gonzaga foi exposta em banners, que traziam impressos imagens e textos, e que foram fruto de pesquisa minuciosa do professor José Augusto de Almeida (pesquisador da vida e obra de Luiz Gonzaga e Professor do Colégio de Aplicação de Universidade Federal de Sergipe (UFS)).

Fiz questão de reproduzir na íntegra o texto do professor José Augusto de Almeida, para que agora eu possa brindar os leitores do meu blog com ele.

 



Luiz Gonzaga
1912
No dia 13 de dezembro nasce, na fazenda Caiçara, terras do barão de Exu, o segundo dos nove filhos do casal Januário José dos Santos e Ana Batista de Jesus. Na pia batismal da matriz de Exu recebe o nome de Luiz (por ser o dia de Santa Luzia) Gonzaga (por sugestão do vigário) Nascimento (por ter nascido em dezembro, mês de nascimento de Jesus Cristo).


 - Certa vez, Januário, que era tocador e consertava sanfonas, pediu a Gonzaga, ainda menino, para ajuda-lo na afinação do instrumento.
Januário percebeu que Gonzaga não tinha lá muito jeito para a roça, e sim, para a sanfona. Daí então passou a chamá-lo para se revezar com ele nos bailes.
- Gonzaga participou durante três meses de um grupo de escoteiros em Exu e foi ali que ele aprendeu a ler e a escrever. Mas como precisava ajudar os pais na roça, teve que voltar para casa.
1920
Luiz Gonzaga, com apenas 8 anos de idade, substitui um sanfoneiro em festa tradicional na fazenda Caiçara, no Araripe, Exu. Canta e toca a noite inteira e, pela primeira vez, recebe o que hoje de chamaria de cachê. O dinheiro - 20$000 (vinte mil réis) – “amolece” o espírito da mãe, que não o queria sanfoneiro.


- O coronel Manoel Aires foi quem ajudou Gonzaga a comprar sua primeira sanfono, que custou 120 mil réis. Foi numa loja da cidade de Ouricuri, em 1926, ano em que Luiz Gonzaga passou a tocar sozinho (sem a companhia do pai) e se tornar um sanfoneiro profissional.
- O primeiro grande amor de Gonzaga foi Nazarena, filha da família Olindo, branca e importante na cidade de Exu. O pai da moça, seu Raimundo, quando soube do namoro, ficou furioso e disse que não queria sua filha namorando com um “sanfoneiro sem futuro e, ainda por cima, negro”. Gonzaga, sabendo disso, foi tirar satisfações com o velho. Tomou uma lapada de cachaça, comprou uma faca pequena e encarou seu Raimundo. Este, percebendo que Gonzaga estava meio bêbado, desconversou e contou o atrevimento para Dona Santana. Chegando em casa, Luiz tomou uma surra da mãe.
- Por causa dessa surra, Gonzaga resolveu sair de casa. Disse aos pais que ia tocar no interior do Ceará e, com a ajuda do tangedor José de Elvira, foi s’imbora pro Crato. Chegando lá, separou-se do amigo, vendeu a sanfona e foi para Fortaleza, onde chegou em julho de 1930. Faria 18 anos só em dezembro.

1930
Com 18 anos, Luiz Gonzaga aumenta sua idade para sentar praça no Exército, na cidade de Fortaleza. Com o advento da Revolução de 30, segue em missão militar pelo Brasil como soldado Nascimento.
1933
Por não conhecer a escala musical, é reprovado num concurso para músico numa unidade do Exército, em Minas Gerais. Vira soldado-corneteiro e ganha o apelido de “Bico de Aço”.


 - Gonzaga só se alistou no Exército porque mentiu a idade. A lei só permitia o serviço depois dos 21 anos e como não exigiram a certidão, Gonzaga se alistou no 23º Batalhão de Caçadores e já no mês seguinte (agosto) estava participando da Revolução de 30 no interior da Paraíba.
- Durante o serviço militar, Gonzaga aprendeu a toca violão. Mas não tomou gosto pelo instrumento.
- Em janeiro de 1933, Gonzaga fez um curso para corneteiro e passou. Adquiriu algumas noções de harmonia, aprendeu a tocar corneta e foi elevado a tambor-corneteiro da Primeira Classe.

1939
Luiz Gonzaga dá baixa das Forças Armadas. Desembarca no Rio com bilhetes comprados para Recife, de navio, de onde pretendia voltar de trem para Exu. Enquanto aguardava, resolve conhecer o Mangue, o bairro boêmio vizinho. E lá, com sua sanfona Honner branca, faz sucesso tocando valsas, tangos, choros, foxtrotes e outros ritmos da época. E, assim, através de um músico amigo, Xavier Pinheiro, Gonzaga vai morar no morro de São Carlos, no Rio.


- Gonzaga passou a tocar nas festas de Juiz de Fora e, depois, em Ouro Fino, para onde se transferiu em 1937. Nessa cidade, havia um advogado, o dr. Raul Apocalipse, que organizava espetáculos no clube Éden, e chamou Gonzaga para tocar lá. Foi a primeira vez que o exuense cantou num palco de verdade. Tocava músicas de Almirante, Antenógenes Silva e Augusto Calheiros.

 1940
Começa a apresentar-se em programas de rádio, como calouro. Pouco tempo depois vai trabalhar com Zé do Norte no programa “A hora sertaneja”, na Rádio Transmissora.
1941
Primeira participação de Gonzaga num disco. Aconteceu no dia 5 de março. Foi chamado para fazer o acompanhamento na música “A Viagem do Genésio”, na Victor (depois, RCA). No dia 14 de março, nasce o primeiro disco com Luiz Gonzaga como artista individual, quando foi chamado não mais para acompanhar outro artista, mas ele próprio como sendo a figura principal. O disco saiu em maio, um 78 rotações com a mazurca “Véspera de São Joao” e a valsa “Numa serenata”.
A primeira reportagem com Luiz Gonzaga saiu na revista Vitrine e tinha por título: “Luiz Gonzaga, o virtuoso do acordeom”. Era assinada por Aldo Cabral, jornalista e compositor.
1943
O sanfoneira catarinense Pedro Raimundo estreia na Rádio Nacional com suas roupas de gaúcho. Inspirado nele, Gonzaga passa a se apresentar vestido de nordestino. Assina seu primeiro contrato para se apresentar fora do Rio de Janeiro, para uma temporada no Cassino do Ahú, em Curitiba. A imprensa local o chama de “o maior acordeonista brasileiro”. Lá, Luiz se apresentou durante 45 dias e se revelou também interprete de suas canções. Luiz tornou-se cantor.


- Ao chegar na Rádio Tamoio, do qual era contratado, Gonzaga viu o seguinte aviso: “Luiz Gonzaga está terminantemente proibido de cantar, por ter sido contratado como sanfoneiro´”. O aviso era assinado por Fernando Lobo (pai do cantor e compositor Edu Lobo), que anos depois se arrependeu da besteira que fez com Luiz.

1945
Grava seu primeiro disco tocando e cantando a mazurca “Dança Mariquinha”. Nesse mesmo ano, grava outros dois discos interpretando “Penerô Xerém” e “Cortando Pano”.
Querendo dar um rumo mais nordestino para suas composições, Gonzaga encontra o advogado cearense Humberto Teixeira, com quem vira a compor vários clássicos. No dia 22 de setembro, nasce o filho Luiz Gonzaga do Nascimento Junior, o Gonzaguinha.


 - A primeira música como cantor, “Dança Mariquita”, era uma mazurca de sua autoria com letra de Miguel Lima. No lado B do disco, gravou o instrumental “Impertinente”.
- O encontro com o companheiro Renato Teixeira se deu em agosto de 1945. Os dois se conheceram e, em dez minutos, fizeram, juntos, “No meu pé de serra” e se emocionaram quando concluíram a música, porque afinal os dois eram nordestinos e sentiam  a mesma saudade da terra natal. Mas a música só seria gravada em novembro do ano seguinte.

1947
Conhece, no Recife, Zé Dantas, filho de Carnaíba, estudante de medicina e conhecedor das coisas sertanejas. Gonzaga estava hospedado no Grande Hotel e Zé Dantas foi lá para conhecê-lo, levando uma música pela qual Gonzaga logo de apaixonou: “Vem Morena”.
Em março, grava um 78 rotações que se tornaria um clássico da música brasileira: a toada Asa Branca, sua terceira parceria com Humberto. A partir desse ano, Luiz Gonzaga adota o chapéu de couro semelhante ao usado por Lampião.


- Depois de 16 anos, ele volta a Exu de férias. Passando na viagem de Recife, Gonzaga gravou um comercial para as Casas Pernambucanas. Ganhou muitos tecidos e mandou para a família em Exu. Com o cachê, comprou ser primeiro carro zero quilômetro, um ama Nash, que despachou de navio para o Rio de Janeiro.
- Foi cantando Asa Branca que Gonzaga participou de seu primeiro filme, “Esse Mundo é um Pandeiro”, de Watson Macedo, o rei das chanchadas.

1955
Gonzaga toma conhecimento de uma tal Patrulha de Choque de Luiz Gonzaga, um trio de imitadores seus formado por Marinés, que cantava e tocava triângulo; Abdias, seu marido, na sanfona, e Chiquinho, o cunhado, na zabumba. No mesmo ano, numa festa em Propriá (SE), o prefeito Pedro Chaves promoveu o encontro de Marinés com Gonzaga.
1956
Em março, a convite de Gonzaga, Marinés e Abdias desembarcaram no Rio de Janeiro e ficaram hospedados na casa do Rei do Baião, que coroou Marinés a Rainha do Xaxado, numa apresentação na Rádio Mayrink Veiga. Por fim, formou o grupo Luiz Gonzaga e seus Cabras da Peste, com ele, Marinés, Abdias, Zito Borborema e Miudinho. Mas por conta do ciúme de Helena, mulher de Gonzaga, tinha de Marinés, o grupo logo se desfez no final daquele mesmo ano. A cantora pernambucana, então, formou um grupo chamado Marinés e sua Gente, com Abdias e Cacau, e conseguiu fazer sucesso nos palcos brasileiros.

- No final dos anos 50, a carreira de Gonzaga entrou numa fase difícil, com a chegada da Bossa-nova e do rock and roll tupiniquim. A classe média e as elites deixaram Luiz Gonzaga de lado e quiseram sepultar o baião. Foi então que Gonzaga passou a cantar mais no interior, onde sempre foi e sempre seria eterno ídolo.
 
1960
Gonzaga participa da campanha de Jânio Quadros à Presidência da República.

1961
Morre Santana, a mãe de Gonzaga, de doença de chagas.

1962
Sofre um grave acidente de automóvel. Andando num carro velho, a porta se abriu, Gonzaga bateu com a cabeça no chão, sofreu uma fratura no crânio e teve o olho direito gravemente ferido. Morre o poeta, folclorista e amigo Zé Dantas.

- Gonzaga foi maçom, entrando para a irmandade em 1961, no Rio, chagando ao 3º grau, mas ficou sem tempo pra continuar.
- Gonzaga já não vendia tantos discos como antes, e, para continuar sustentando a família, vendeu seu palacete e comprou um apartamento pequeno na rua Pereira Alves, 255, em Cocotá, na Ilha do Governador. Foi quando Gonzaguinha, com 16 anos de idade, passou a morar com o pai em Cocotá.

1963
Conhece o poeta popular cearense Patativa do Assaré. Gonzaga teve sua sanfona Universal, preta, roubada. Antenógenes Silva, seu amigo e afinador, lhe empresta uma sanfona branca. A partir de então, adota a cor branca para suas sanfonas, e a inscrição “É do povo” em todos os seus instrumentos.
  

- Gonzaga lançou “A Morte do Vaqueiro”, uma música de protesto e de homenagem a seu primo legítimo Raimundo Jacó, que foi assassinado em 1954. Essa música foi composta na rua Vidal de Negreiros, número 11, no Recife. Gonzaga deu o mote a Nelson Barbalho e a música saiu ligeiro, nos acordes de Luiz e nos versos de Barbalho.
1964
Grava a composição “A Triste Partida” de Patativa do Assaré, uma das músicas mais conhecidas do seu repertorio.
1965
Geraldo Vandré, esquerdista convicto, grava Asa Branca, de um Luiz Gonzaga chamado de direitista. Aí Gonzaga retribuiu gravando, em 1968, um compacto simples com a música “Pra não dizer que não falei das flores”, um grande sucesso de Vandré.
1968
Um pouco fora de destaque no cenário musical, Luiz Gonzaga viu seu nome novamente em ascensão depois que Carlos Imperial espalhou no Rio de Janeiro que os Beatles acabara de gravar “Asa Branca”. Não era verdade, mas foi o que bastou para que Gonzaga voltasse às manchetes.

  - Quando gravou “A Triste Partida”, do popular Patativa do Assaré, Gonzaga ainda pediu a parceria da música a Patativa, que, indignado, mandou o sanfoneiro “plantar feijão”. Assim mesmo, Gonzaga gravou e fez sucesso. Depois, não gravou mais nada do compositor cearense.
1971
Em Londres Caetano Veloso grava “Asa Branca”, assim como Sérgio Mendes e seu Brasil 77. É o ano do primeiro contato com o então desconhecido Fagner, no Rio. Luiz  dá uma entrevista ao Pasquim, que o chama de figura mais importante da música popular brasileira”.

1973
Tenta lançar sua candidatura a deputado federal pelo então MDB. Foi salvo pelo conselho do amigo padre Câncio, que o fez ver a besteira que poderia ser aquela decisão, mostrando que os votos que obteria seriam em troca de favores.

 - Ao pedir à sua gravadora, a RCA, um adiantamento para comprar uma Veraneio, para usar em suas andanças pelo país, a RCA negou o dinheiro e Gonzaga de afobou: rompeu um contrato de 32 anos e foi bater na Odeon, onde já o esperavam com o dinheiro do carro Veraneio.
1976
A música “Capim Novo” entra na trilha sonora da novela Saramandaia e Luiz entra também nas paradas de sucesso. Nesse mesmo ano, a TV Globo fez um especial com ele. Foi exibido em duas partes, nos dias 13 e 20 de agosto.

1980
Em Fortaleza, Luiz Gonzaga canta para o Papa Joao Paulo II.

1981
Grava o LP A Festa, com participação de Gonzaguinha, Emilinha Borba, Dominguinhos e Milton Nascimento, este último com dueto na música “Luar do Sertão”. Nesse ano, Gonzaga passa a ser chamado de Gonzagão, e grava junto com Gonzaguinha o disco Descanso em Casa, Moro no Mundo. Os dois fizeram juntos incríveis apresentações por todo Brasil.

Aos 70 anos de idade, Gonzaga resolveu fazer uma cirurgia plástica no olho arrebentado no acidente sofrido em 1962. Mas um acidente urinário durante a operação acabou por revelar um câncer na próstata, doença que a mulher, Helena, preferiu esconder do marido.
1984
Gonzaga recebe o primeiro disco de Ouro com o LP Danado de Bom e recebe também o Prêmio Shell de Música Popular Brasileira. Gonzaga canta no disco de Gal Costa, Profana, em uma faixa em homenagem a Jackson do Pandeiro. Grava seu primeiro dos dois LPs com o cearense Raimundo Fagner.


 - Foi uma orientação de Onildo Almeida à RCA que botou Gonzaga para vender discos. Onildo disse ao pessoal da gravadora que a música de Gonzaga não precisava de sofisticação, que o disco tinha que ser bem produzido mas com poucos arranjos, e bem originais, para o preço ser bem popular. Pelo selo mais popular da gravadora, Gonzaga passou a vender não mais 25 mil discos a cada lançamento, mas 200 mil ou mais.

1986
Luiz Gonzaga participa do festival de música brasileira na França, Couleurs Brésil, evento que inaugura o programa dos anos Brasil-França 86-88.
O disco Forró de Cabo a Rabo deu mais um disco de ouro a Luiz Gonzaga. A música-título era uma parceria dele e João Silva. Os dois compuseram a música num quarto de hotel. E João Silva embriagado de uísque.
1987
A música “Nem se despediu de mim” do disco De Fiá Pavi, outro grande sucesso do Velho Lua, estoura nas paradas.

- No final de 87,Gonzaga já sentia fortes dores provocadas pelo câncer de próstata. Já havia metástase nos ossos. Gonzaga chegou a dizer, certo dia, que se mataria se soubesse que tinha câncer. Diziam-lhe que tinha osteoporose.

1989
Grava seu primeiro LP pela Copacabana, seguidos de mais três LPs, que seriam os últimos de sua carreira. No dia 06 de junho, Luiz Gonzaga sobe pela última vez num palco, com o auxilio de uma cadeira de rodas. O local foi o teatro Guararapes no Centro de Convenções no Recife. Ao lado de Dominguinhos, Gonzaguinha, Alceu  Valença e vários amigos e parceiros, e desobedecendo às ordens médicas.
Luiz Gonzaga morre no dia 02 de agosto, às 5h15, no Hospital Santa Joana, no Recife.

 - Diziam as enfermeiras que Gonzaga sentia tantas dores que, muitas vezes, soltava gemidos que mais pareciam aboios, aquelas toadas cantadas pelos vaqueiros em tom de lamento.
- No seu enterro, com a presença de muita gente, entre familiares, amigos e artistas, a música mais cantada foi “Nem se Despediu de Mim”.


MAIS curiosidades sobre O REI DO BAIÃO
Primeiro Apelido
Por ter um rosto arredondado e um largo sorriso, Luiz Gonzaga ganhou de Dino, um violista da época, o apelido de Lua – que foi amplamente divulgado por César Alencar e Paulo Gracindo.
Da cabeça aos pés
Foi vendo uma apresentação do catarinense Pedro Raimundo, que se vestia de bombachas, que Gonzagão passou a aderir a trajes nordestinos em suas apresentações. Sua marca era o chapéu de couro.
No Cinema
Sua música “Asa Branca” foi cantada por Carmen Miranda no filme “Romance Carioca” – Nance Goes to Rio, em título original dirigido por Robert Z. Leonard.
Em Memória
A música “Morte do Vaqueiro” foi uma homenagem ao primo Raimundo Jacó, que era vaqueiro e foi assassinado em 1954. A canção deu origem a Missa do Vaqueiro, que acontece todos os anos em Pernambuco.
Gravações
Luiz Gonzaga gravou 625 músicas em 266 discos. Os discos assim se dividem: 125 em 78 rotações, 79 LPs de 12 polegadas, 6 LPs de 10 polegadas, 41 compactos simples e duplos, de 45 e 33 rpm; e 15 LPs de coletâneas.
Autorias
Das 625 músicas gravadas por Luiz Gonzaga, 53 são de sua autoria (sozinho), 243 são em parcerias (Luiz Gonzaga e outros compositores) e 329 são de outros autores, sem a sua participação. O Rei do Baião teve, ao longo da carreira, 61 parceiros.